Haddad: Galípolo é “muito gabaritado” para o BC e deve “se habituar” às pressões

O ministro da Fazenda argumentou que o período de Gabriel Galípolo como diretor de Política Monetária do BC permitiu que ele conhecesse internamente a instituição

Equipe InfoMoney

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), durante audiência na sede da pasta (Foto: Washington Costa/MF)
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), durante audiência na sede da pasta (Foto: Washington Costa/MF)

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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), avaliou, nesta quarta-feira (4), que o diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, está “gabaritado” para assumir a presidência da autoridade monetária.

O chefe da equipe econômica elogiou a transição de Galípolo pelo mundo da política e do mercado financeiro.

“[Galípolo] É uma pessoa que, na minha opinião, está muito gabaritada para assumir a presidência do Banco Central. Ele se dá bem com todos os diretores e se dá bem com o presidente Roberto Campos Neto”, afirmou Haddad, em entrevista à GloboNews.

O ministro argumentou ainda que o período de Galípolo como diretor do BC permitiu que ele conhecesse internamente a instituição, acrescentando que o indicado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao comando da autarquia é “uma pessoa de muito fácil trato e muito sociável”.

Galípolo ocupou o cargo de secretário-executivo do Ministério da Fazenda desde o início do atual mandato de Lula até junho do ano passado, quando foi nomeado para assumir a diretoria de Política Monetária do BC.

Na semana passada, ele foi indicado por Lula para substituir Campos Neto na presidência do BC a partir de 2025 e precisará passar por sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado e ser aprovado pelo plenário da Casa.

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Mesmo com a aprovação pelo Senado ainda pendente, Haddad apontou que a transição no comando do BC está sendo “difícil”, à medida que, pela primeira vez, um presidente da República teve de conviver com um chefe da autarquia indicado por seu antecessor.

A situação foi possibilitada pelo estabelecimento da autonomia operacional do BC a partir de projeto de lei aprovado pelo Congresso em 2021.

“Nós estamos fazendo uma transição difícil, porque é a primeira vez que se faz uma transição dois anos depois do presidente eleito. Isso nunca aconteceu no passado”, observou Haddad.

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Juros

Questionado sobre a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em 17 e 18 de setembro, à medida que crescem as projeções do mercado sobre uma alta na Selic, agora em 10,5% ao ano, Haddad disse confiar na capacidade dos diretores da autarquia para decidir o futuro da política monetária.

“Eu confio muito na capacidade técnica das pessoas que estão à frente do Banco Central. Eu não acho elegante da minha parte dizer o que o Banco Central tem que fazer”, afirmou.

Comentando as críticas de Lula ao nível da Selic e seus desentendimentos com Campos Neto, o ministro indicou que Galípolo deve sofrer pressões semelhantes caso assuma a presidência do BC, o que, para ele, é normal na vida pública.

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“Quem está na vida pública sofre pressão… É natural que, em um cargo deste, você entenda que vai ouvir opiniões [diferentes]. A pessoa tem que se habituar a isso.”

Crescimento e ajuste fiscal

Um dia depois de dados mostrarem que o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,4% no segundo trimestre do ano, acima do esperado, Haddad defendeu que o país tem todas as condições de crescer acima da média global, apontando que o governo está realizando ajustes na economia que têm possibilitado um crescimento com baixa inflação e controle fiscal.
“Nossa visão é de que o ajuste fiscal tinha que ser feito sobre quem deixou de pagar impostos”, afirmou o ministro.

“O resultado dessa política foi que você consegue fazer o ajuste sem prejudicar o crescimento econômico. Essa é a graça do que está sendo feito.”

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(Com Reuters)