Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda, diz que não quer atuar na Vale

A proposta para uma vaga no conselho da Braskem também não avançou, segundo Mantega

Reuters

Ex-ministro da Fazenda Guido Mantega no Ministério da Fazenda em Brasilia
04/12/2014
REUTERS/Ueslei Marcelino
Ex-ministro da Fazenda Guido Mantega no Ministério da Fazenda em Brasilia 04/12/2014 REUTERS/Ueslei Marcelino

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O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega mantém sua atuação informal como consultor econômico do governo Luiz Inácio Lula da Silva, mas apontou em entrevista à Reuters que a intenção do presidente de indicá-lo a uma vaga no conselho da Braskem não avançou.

“Não sei o que está acontecendo, não recebi mais nenhuma informação a respeito”, afirmou Mantega na segunda-feira (5). Em junho, o ex-ministro disse que tinha sido sondado pela Casa Civil e que havia se colocado à disposição.

Em outra frente, Lula atuou no início do ano para emplacar Mantega em um cargo na cúpula da mineradora Vale (VALE3), mas o plano não prosperou. “Nenhuma possibilidade, mesmo porque eu não tenho nenhuma vontade de ir para lá”, disse.

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Com o mercado reagindo negativamente às notícias publicadas ao longo do ano sobre a possibilidade dessas indicações, Mantega disse que não vê essa relação direta.

“Se você vai lá olhar as ações, vai ver que elas estão mais baixas do que quando eu poderia ir para a Vale. Quando se cogitava que eu pudesse ir, as ações estavam em R$ 75, hoje elas estão em R$ 62. Vai dizer que é por minha causa? Não é por minha causa. E da Braskem, bobagem, não tem nada a ver”, afirmou.

O ex-ministro, que já comandou a Fazenda, o Planejamento e o BNDES, disse estar se dedicando a escrever um livro sobre suas experiências no governo, argumentando que buscará combater “visões totalmente deturpadas”.

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Mantega esteve à frente da Fazenda nos governos Lula e Dilma Rousseff, de 2006 ao início de 2015, e atos de sua gestão foram usados pelo Congresso como base para aprovar o impeachment de Dilma.

Sob Mantega, foi implementada a chamada nova matriz econômica, que buscava acelerar o crescimento por meio de desonerações, redução de juros e fortalecimento da infraestrutura. O modelo foi alvo de críticas de analistas, que atribuem à política os efeitos inflacionários e de deterioração das contas públicas que provocaram uma crise.

“Não teve nenhum ministro da Fazenda que ajudou tanto o setor empresarial quanto eu. Eu fiz desonerações, crédito barato, estímulo às empresas, estímulo à exportação, nós fizemos coisas muito boas”, afirmou o ex-ministro.

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“Na luta política, aí tudo fica complicado. Os opositores têm que dizer que é um desastre, quebrou a economia, essas coisas. Mostre os dados, olhe os dados para você ver qual é o desempenho”, disse.