Publicidade
SÃO PAULO – O cenário político brasileiro voltou a azedar nesta semana, seguindo a crise iniciada com a denúncia do ex-ministro da cultura, Marcelo Calero, e que piorou nos últimos dias após a Câmara dos Deputados desfigurar e aprovar o pacote anticorrupção. E se por aqui isto já é motivo suficiente para assustar e aumentar a tensão, no exterior não poderia ser diferente. Nesta semana, três dos maiores jornais do mundo publicaram notícias sobre os recentes eventos da política brasileira.
No início da semana, o Financial Times destacou que a oposição entregaria uma petição pedindo a impeachment do presidente Michel Temer, após uma nova onda de escândalos envolvendo uma administração de seis meses que luta para impulsionar reformas e recuperar a economia.
O jornal ressaltou o fato de que desde que assumiu o poder, Temer perdeu uma média de um ministro por mês, lembrando que na semana passada, dois ministros renunciaram, em meio a alegações de que o presidente havia usado sua influência para ajudar um aliado em um acordo de propriedade.
A publicação analisou que um pedido de impeachment oriundo de um partido menor da oposição é improvável que ganhe força. Mas as controvérsias acontecem em um momento em que o governo de Temer está sendo testado se pode cumprir as promessas de resgatar a economia brasileira de uma recessão brutal.
O FT acrescenta que as controvérsias políticas ameaçam descarrilar o progresso que o governo teve até agora. Destacando o projeto de lei que está sendo acelerado pelo congresso para conceder uma anistia para os políticos considerados culpados de acumular doações ilegais campanha. Por fim, o jornal destaca os atos que estão sendo programados para este fim de semana.
The Economist
Já nesta quinta-feira, foi a vez da The Economist, que destacou a lenta recuperação da economia brasileira, frustando projeções anteriores, e ainda o escândalo envolvendo a perda do sexto ministro do governo Temer. A publicação ressaltou que a tragédia com o voo da Chapecoense acabou tirando das manchetes outras notícias ruins que atingem o presidente diretamente.
Continua depois da publicidade
“Seus esforços para implantar reformas na economia do Brasil estão fazendo progresso, mas o governo dele está tumultuado”, diz a revista britânica, depois de pontuar o caso envolvendo o ex-ministro Marcelo Calero e o governo Temer. “O último escândalo parece mais como um embaraço do que como uma ameaça”, continua o texto.
“Para muitos brasileiros, já enfurecidos pelo escândalo de corrupção envolvendo a Petrobras, a companhia estatal de petróleo, aquilo [caso de Geddel e Calero] pareceu como uma tentativa de Temer de pressionar Calero para ajudar o amigo de longa data”, diz a revista, frisando que uma gravação de conversa divulgada pela imprensa “confirma que Temer pediu a Calero” para levar a questão a AGU.
A revista destaca a crítica de que, “mais uma vez”, Michel Temer demorou muito “para se livrar de um ministro errante”. “A polêmica sugere que o escândalo vai continuar a atormentar a presidência de Temer”, afirma a publicação.
Continua depois da publicidade
The New York Times
O jornal norte-americano The New York Times publicou uma matéria nesta sexta-feira (2) afirmando que a classe política está ficando paranoica. “Com o avanço da tecnologia chegando ao ponto de alguém gravar secretamente uma conversa no escritório com um smartphone, os nervos estão se desgastando sobre essas traições no ambiente político cada vez mais paranoico do Brasil”, diz o texto.
A matéria destaca o caso envolvendo a saída de dois ministros do governo de Michel Temer, com a denúncia de tráfico de influência feita pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero (PSDB-RJ), que acabou culminando no pedido de demissão do então ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima (PMDB-BA).
O jornal afirma que o impeachment de Dilma Rousseff não foi suficiente para resolver a guerra política que toam conta do Brasil, apesar de acredita que o mandato do peemedebista não está correndo grandes riscos. “Temer está enfrentando agora a crise mais aguda de sua curta presidência, mas são poucos os que enxergam algum risco iminente de sua queda”, diz a matéria.
Continua depois da publicidade
Por outro lado, o NYT destaca que as conversas gravadas por Calero elevaram o nervosismo de boa parte da classe política nacional, que corre grande perigo por conta das investigações sobre corrupção.
Por fim, o jornal cita Nicolau Maquiavel e um de seus mais conhecidos conceitos, de que os fins justificam os meios. Segundo a publicação, “em cada grande virada na crise política do Brasil ao longo do último ano, as gravações são táticas reveladoras que fariam Maquiavel orgulhoso”.