O governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB), foi afastado do cargo nesta terça-feira (11) por determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Ele é alvo de uma operação do Ministério Público Federal (MPF) que investiga um suposto esquema de “rachadinha” na Assembleia Legislativa do estado, com desvio de R$ 54 milhões.
Segundo a Polícia Federal, a “Operação Edema” apura a prática sistemática de desvios de recursos públicos que ocorre desde 2019 no âmbito do Poder Público do Estado de Alagoas.
“Ao todo, foram cumpridos 31 mandados de busca e apreensão em imóveis vinculados aos investigados. Conforme a decisão judicial, a partir de hoje, os investigados estão impedidos de manter contato entre si e de frequentar os órgãos públicos envolvidos na investigação. As medidas cautelares incluem ordem de sequestro de bens e valores que chegam a R$ 54 milhões. Dezenas de imóveis foram objetos de constrição”, diz a nota da PF.
“A necessidade e a urgência das medidas cautelares cumpridas na manhã de hoje – que incluem busca e apreensão, sequestro de bens, afastamentos de função pública, dente outras medidas – foram amplamente demonstradas nos autos da investigação policial e corroborada pelo Ministério Público Federal, o que subsidiou a decisão judicial”, completa o documento.
A PF diz que a investigação, ainda em sigilo, aponta a ocorrência dos crimes de organização criminosa, peculato e lavagem de dinheiro. “Também nesta terça-feira, o vice-governador será comunicado a respeito da ordem judicial de afastamento do governador do cargo”, afirma a nota.
Segundo o portal G1, Dantas estava em um hotel em São Paulo quando foi abordado pela PF e teve bens apreendidos, como seu celular. A assessoria do governo do estado de Alagoas ainda não soltou nenhum comunicado oficial sobre a operação.
Eleições
Dantas e Rodrigo Cunha (União Brasil) irão se enfrentar em segundo turno na disputa pelo governo de Alagoas, em 30 de outubro. No primeiro turno, Dantas teve 46,64% dos votos, enquanto Cunha registrou 26,79%, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A disputa no estado foi marcada por algumas particularidades. Nos bastidores, a batalha foi entre nomes fortes de Brasília: Arthur Lira (PP), atual presidente da Câmara Federal, da base do governo Bolsonaro e apoiador de Rodrigo Cunha, e o emedebista Renan Calheiros, ex-presidente do Senado que declarou apoio a Lula.
Dantas, que concorre à reeleição, assumiu a cadeira para um “mandato tampão” em maio, após eleições indiretas, e manteve no poder o grupo apoiado por Renan e pelo ex-governador Renan Filho (MDB), que renunciou ao cargo para se candidatar ao Senado.
Seu vice, Luciano Barbosa, também do MDB, que em situações normais assumiria a função, já havia renunciado em 2020, para concorrer ao cargo de prefeito de Arapiraca – e ele venceu o pleito. O terceiro na linha de sucessão, presidente da Assembleia Legislativa, e também do MDB, Marcelo Victor, abdicou da cadeira porque, caso assumisse, estaria impedido de renovar seu mandato como parlamentar.
Durante a campanha, houve também uma briga familiar. O ex-deputado Luiz Dantas, pai do atual governador e candidato à reeleição, apareceu em um vídeo de propaganda eleitoral do adversário do filho, Cunha, endossando suspeitas de corrupção sobre cargos comissionados envolvendo o atual governador.
Na sua conta no Twitter, Dantas, o filho, publicou um vídeo dizendo que seu adversário, Cunha, “envergonha a política” e afirmando que o conteúdo havia sido manipulado.