Gilmar Mendes põe ponto final em ação contra Aloysio Nunes por suspeita de caixa 2

De acordo com o ministro Gilmar Mendes, do STF, investigação em andamento pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) reunia os mesmos elementos de um inquérito já arquivado pelo Supremo em 2018

Fábio Matos

Aloysio Nunes Ferreira, ex-senador e ex-ministro (Foto: Lia de Paula/Agência Senado)
Aloysio Nunes Ferreira, ex-senador e ex-ministro (Foto: Lia de Paula/Agência Senado)

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O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou o encerramento de uma ação contra o ex-senador e ex-ministro Aloysio Nunes Ferreira (sem partido), por suposto recebimento de caixa 2 da antiga Odebrecht (atual Novonor) na campanha eleitoral de 2010, quando concorreu ao Senado e foi eleito.

A ação contra Aloysio pedia o ressarcimento de R$ 854 mil, valor supostamente recebido da empreiteira por meio de doações eleitorais não contabilizadas.

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De acordo com Gilmar Mendes, a investigação em andamento pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) reunia os mesmos elementos de um inquérito já arquivado pelo Supremo em 2018, com base em delações premiadas de executivos e ex-executivos da empresa.

“O que se sustenta no presente caso é que a decisão que encerrou o Inquérito 4.660/DF não se limitou a reconhecer a ausência de justa causa para a continuidade das apurações, mas também abalou a credibilidade da hipótese construída pelos investigadores, ao reconhecer que não havia nenhuma perspectiva de obtenção de indícios suficientes de autoria delitiva”, anotou Gilmar em sua decisão.

“Incide, portanto, a remansosa jurisprudência da Corte no sentido de que a mesma narrativa fática que deu ensejo a um juízo de certeza negativo na esfera criminal não pode provocar novo processo no âmbito do direito administrativo sancionador”, completou o magistrado.

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O pedido de trancamento da ação foi apresentado pela defesa de Aloysio, que hoje comanda a divisão de assuntos estratégicos do escritório da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) em Bruxelas, na Bélgica.

A decisão do ministro do STF contraria o entendimento da Procuradoria-Geral da República (PGR), que havia defendido a rejeição dos argumentos da defesa do ex-senador.

Aloysio deixou o PSDB

Há cerca de 10 dias, Aloysio Nunes anunciou sua saída do PSDB, partido ao qual era filiado desde 1997.

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O ex-ministro ocupou recentemente a direção da SP Negócios, órgão vinculado à Prefeitura de São Paulo, comandada por Ricardo Nunes (MDB), pré-candidato à reeleição em 2024.

O anúncio da desfiliação de Aloysio Nunes do PSDB ocorreu justamente no dia em que o partido oficializou a pré-candidatura do apresentador de TV José Luiz Datena à prefeitura de São Paulo. O ex-ministro defendia o apoio à reeleição de Nunes na capital.

Quem é Aloysio Nunes

Aloysio Nunes, de 79 anos, foi ministro dos governos dos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso (PSDB) Michel Temer (MDB).

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Na gestão tucana, ele ocupou a Secretaria-Geral da Presidência (de 1999 a 2001) e o Ministério da Justiça (entre 2001 e 2002). Já no governo Temer, foi ministro das Relações Exteriores, de 2017 a 2019.

Aloysio também foi deputado estadual, federal e vice-governador de São Paulo. Em 2014, ele foi candidato a vice-presidente da República na chapa encabeçada por Aécio Neves (PSDB), que acabou derrotada por Dilma Rousseff (PT) no segundo turno.

Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”