Galípolo: Banco Central não deve “virar as costas ao poder democraticamente eleito”

"As metas e objetivos estabelecidos são estabelecidos pelo poder democraticamente eleito. Uma vez estabelecida, cabe ao BC perseguir essa meta. Esta é a definição que existe", disse Gabriel Galípolo

Fábio Matos

Diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabríel Galípolo, fala em comissão no Senado Federal
04/07/2023
Lula Marques/ Agência Brasil/Distribuição via REUTERS
Diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabríel Galípolo, fala em comissão no Senado Federal 04/07/2023 Lula Marques/ Agência Brasil/Distribuição via REUTERS

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O diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, indicado para assumir a presidência do BC a partir do ano que vem, disse, nesta terça-feira (8), que a missão essencial da autoridade monetária é perseguir a meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), e não se deve “virar as costas” para o “poder democraticamente eleito”.

As declarações do economista foram dadas durante sabatina promovida pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. Galípolo precisa ter o nome aprovado tanto pela CAE quanto pelo plenário do Senado, o que deve ocorrer ainda nesta terça.

Questionado por senadores sobre a autonomia do BC em relação ao governo, Galípolo deixou claro que defende uma relação harmônica entre a autoridade monetária e o Executivo, apesar da independência do órgão.

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“Eu aprendi que, nos debates da vida pública, existem algumas palavras-chave que quase são gatilhos. Você usa uma palavra e, de repente, vai parar em uma arquibancada de torcida e aquilo vira uma coisa acalorada. E autonomia é uma dessas palavras que geram um debate acalorado”, brincou Galípolo.

“Se pegarmos a literatura essencial sobre autonomia do BC, os cânones vão dizer que o BC tem autonomia operacional para buscar as metas estabelecidas pelo poder democraticamente eleito”, explicou.

“As metas e objetivos estabelecidos são estabelecidos pelo poder democraticamente eleito. Uma vez estabelecida, cabe ao BC perseguir essa meta. Esta é a definição que existe.”

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Segundo Galípolo, “você tem de obedecer o arcabouço institucional e legal”. “Sou um daqueles que defende que o BC nem deveria votar sobre a meta nas votações do CMN. Hoje nós temos uma meta estabelecida de 3% e cabe ao BC perseguir essa meta de maneira inequívoca, colocando a taxa de juros em um patamar restritivo pelo tempo que for necessário para atingir essa meta”, afirmou.

“De maneira nenhuma, a autonomia deve passar a ideia de que o BC vai virar as costas para o poder democraticamente eleito”, concluiu Galípolo.  

Acompanhe, ao vivo, a sabatina de Gabriel Galípolo no Senado:

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Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”