Fundador do PSDB deixa partido após discordar de apoio a Nunes: “Tucano raiz”

Segundo Tião Farias, a saída da legenda é resultado dos "rumos atuais e das escolhas da direção". O apoio do PSDB a Ricardo Nunes (MDB) no segundo turno das eleições municipais foi a gota d'água

Equipe InfoMoney

PSDB, que governou o Brasil entre 1995 e 2002, vive a maior crise de sua história (Foto: Divulgação)
PSDB, que governou o Brasil entre 1995 e 2002, vive a maior crise de sua história (Foto: Divulgação)

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Um dos fundadores do PSDB, Tião Farias deixou o partido. A carta de desfiliação foi enviada ao presidente da legenda em São Paulo (SP), José Aníbal. 

Em mensagem a colegas, Farias escreveu que deixa o partido mas continua “tucano raiz”. O PSDB disse que lamenta a saída.

Segundo Farias, a saída da legenda é resultado dos “rumos atuais e das escolhas da direção”. O apoio do PSDB a Ricardo Nunes (MDB) no segundo turno das eleições municipais é um exemplo disso. 

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“A decisão de apoiar o atual prefeito, sem consultar adequadamente as instâncias locais, me faz pensar que vamos ‘dormir com o inimigo’ e, no caso do padrinho dele, para usar uma analogia clássica, vamos chocar o ‘ovo da serpente'”, escreveu Farias em referência ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Bolsonaro apoiou Nunes, e essa aproximação com um candidato apoiado pela extrema-direita incomodou o fundador da legenda. “Nunca apoiamos candidatos associados ao malufismo/bolsonarismo. A coerência histórica, neste caso, seria a neutralidade, pois estaria mais alinhada com nossos princípios e evitaria contradições com o que o partido defendeu ao longo dos anos”, argumentou.

Ainda sobre o apoio a Nunes, Tião Farias se incomodou com a decisão ter sido tomada sem a consulta ao diretório paulista da legenda. “É claro que a direção do partido tem o direito de se posicionar, mas nada justifica deixar de comunicar previamente o nosso presidente municipal – um gesto básico de consideração política”, explicou.

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“Suas ações e discursos revelam traços de um projeto fascista e golpista, algo que contraria frontalmente o nosso manifesto de fundação de 1988, que deixa claro nosso compromisso primordial com a defesa da democracia contra qualquer tentativa de retrocesso autoritário”, prosseguiu Farias. 

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Para o agora ex-tucano, apoiar a esquerda nas eleições não desviaria a legenda de suas tradições. “Nós já apoiamos Lula em um segundo turno presidencial e também Marta Suplicy em uma eleição municipal. Ou seja, se o objetivo era marcar uma distinção, essa narrativa não reflete a nossa trajetória”, diz. 

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Por fim, Farias reiterou que fica satisfeito com o partido que construiu. “Mantenho a certeza de que nosso trabalho valeu a pena e o legado de nossas realizações ficará para sempre”, escreveu.

Benedito Mascarenhas, secretário-geral do diretório municipal de São Paulo do PSDB, lamentou a saída, mas respeitou a decisão. “Ele já vinha com algum descontentamento com a forma que o partido está sendo conduzido, principalmente ao nível nacional”, explica. 

Para Mascarenhas, Tião seria uma peça chave na reconstrução do partido. “Com certeza, ele vai continuar com o coração tucano, mas não vamos ter a figura dele, a pessoa dele, a liderança que ele exerce junto a nós neste momento”, conclui.

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(Com Estadão Conteúdo)

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