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Cidades de dez estados brasileiros enfrentam uma acentuada piora na qualidade do ar devido a queimadas na Amazônia, que causaram uma concentração de monóxido de carbono que se estende até as regiões Sul e Sudeste, passando por países como Peru, Bolívia e Paraguai, segundo mostram imagens do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos.
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Há relatos de fumaça no Acre, Amazonas, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina e São Paulo.
Os incêndios florestais no bioma são, em maior parte, relacionados ao desmatamento e à limpeza de pastagem.
Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) indicam que Amazonas e Pará concentram mais da metade dos focos de incêndio registrados de janeiro a agosto de 2024.
Segundo o Painel do Fogo, do Centro Gestor Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (CENSIPAM), foram 15.604 eventos de fogo registrados de janeiro até agora na Amazônia, com uma disparada nas queimadas em agosto, com 5.813 eventos em comparação com os 2.669 eventos em julho.
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A plataforma BDQueimadas, que pertence ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), fala em 43.191 focos de fogo no bioma no Brasil em 2024.
O CENSIPAM aponta 924 eventos no Pantanal, também com disparada em agosto, que concentra 267 eventos. A BDQueimadas, do Inpe, fala em 7.862 focos de fogo no ano.
Quase 1,5 mil brigadistas do Ibama e do ICMBio atuam no combate aos incêndios florestais na Amazônia.
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Já no Pantanal mato-grossense, o trabalho é feito por mais de 300 brigadistas do Ibama e do Instituto Chico Mendes, além de 400 militares das Forças Armadas, 95 da Força Nacional e dez da Polícia Federal.
O Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais revelou que, neste ano, os incêndios já consumiram mais de 3 milhões de hectares na Amazônia e mais de 1 milhão no Pantanal.
Por que outros estados são afetados?
Por que os incêndios na Amazônia impactam a qualidade do ar de diversos estados, inclusive no sul do país? Os ventos respondem.
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Existe um fluxo natural de ventos que vem do mar e entra no Brasil pelo nordeste, passa pela Amazônia ganhando umidade, e segue seu curso para o sul.
Com a ocorrência de milhares de queimadas, em vez de umidade, as correntes de vento encontraram uma grande concentração de monóxido de carbono e, seguindo seu curso natural, estão trazendo essa bolha de fumaça do norte para o sul do país.
Efeito das mudanças climáticas
Segundo um estudo internacional, a emergência climática elevou em até 20 vezes a probabilidade das condições climáticas que intensificaram os incêndios na Amazônia Ocidental de março de 2023 a fevereiro de 2024.
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Desde meados de 2023, a Amazônia enfrenta uma das piores estiagens da história. O índice de seca na Bacia Amazônica é o pior em pelo menos duas décadas.
Em julho, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) declarou situação crítica de escassez hídrica nos rios Madeira e Purus.
Respostas
Segundo o governo federal, a resposta à estiagem e aos incêndios é coordenada por uma sala de situação criada em junho, que articula ações com os governos estaduais e representantes dos Corpos de Bombeiros.
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Foram disponibilizados R$ 405 milhões do Fundo Amazônia para apoiar as ações de combate.
Além disso, foi lançado o programa União com Municípios, que destina R$ 785 milhões para ações de combate ao desmatamento e incêndios florestais.
Em 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, o governo federal e os governadores de estados que abrigam os biomas Amazônia e do Pantanal se comprometeram a reforçar a ação coordenada para prevenção e controle de incêndios, suspendendo autorizações de queima durante o período seco e em épocas de ondas de calor.
Já em julho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou um projeto de lei que regulamenta o manejo integrado do fogo no país, proibindo o uso do fogo para desmatamento, exceto em situações controladas.
A nova política visa fortalecer brigadas voluntárias e privadas, além de estabelecer um cadastro nacional de brigadas florestais.