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A menos de 2 meses do primeiro turno das eleições municipais, que acontece no dia 6 de outubro, os cinco principais candidatos à prefeitura de São Paulo (SP) se enfrentam pela primeira vez, na noite desta quinta-feira (8), em um debate transmitido, ao vivo, pela televisão.
Mantendo a tradição de abrir a jornada dos debates eleitorais, a TV Bandeirantes será palco do encontro entre Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL), José Luiz Datena (PSDB), Pablo Marçal (PRTB) e Tabata Amaral (PSB), a partir das 22h15. O debate terá mediação do jornalista Eduardo Oinegue e transmissão simultânea da BandNews TV, das rádios Bandeirantes e BandNews FM, além do canal Band Jornalismo no YouTube.
Os cinco concorrentes ao cargo máximo da maior cidade do Brasil são os candidatos mais bem colocados na corrida eleitoral, de acordo com as últimas pesquisas.
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Segundo o levantamento da Genial/Quaest, divulgado no dia 30 de julho, a disputa pela prefeitura da capital paulista tem o prefeito e candidato à reeleição Ricardo Nunes, o deputado federal Guilherme Boulos e o jornalista José Luiz Datena em um empate técnico triplo – Nunes marca 20% das intenções de voto, ante 19% de Boulos e Datena. Marçal aparece com 12%, e Tabata, com 5%.
Além de São Paulo, a Band promoverá, nesta quinta, debates entre os principais candidatos às prefeituras de outras 18 cidades brasileiras (das quais 12 capitais). Caso haja segundo turno na capital paulista, o debate na emissora deve ocorrer no dia 11 ou no dia 14 de outubro. O segundo turno das eleições está marcado para 27 de outubro.
Regras e formato do debate
De acordo com o que ficou definido entre a Band e as campanhas dos candidatos participantes, o debate desta noite terá 3 blocos e cerca de 1 hora e 30 minutos de duração.
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No primeiro bloco, cada candidato terá 1 minuto e 30 segundos para responder a uma pergunta sobre programa de governo escolhida pela produção da emissora. Conforme sorteio realizado em reunião com os partidos, a ordem das respostas obedecerá o posicionamento no estúdio: Nunes, Marçal, Tabata, Datena e Boulos.
Após essa primeira etapa, haverá a primeira rodada de confronto direto entre os candidatos – todos os 5 perguntarão, também em ordem definida por sorteio. O candidato que perguntar escolherá quem vai responder. O tempo para a pergunta é de 1 minuto. Para a resposta e a tréplica, serão destinados 4 minutos ao todo (que deverão ser administrados pelo candidato que responder). A réplica terá 1 minuto.
Nesse primeiro bloco, a ordem para as perguntas será a seguinte: Pablo Marçal, Guilherme Boulos, José Luiz Datena, Ricardo Nunes e Tabata Amaral.
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No segundo bloco do debate, os jornalistas do Grupo Bandeirantes farão perguntas para os candidatos, escolhendo quem responderá e quem comentará. Serão destinados 2 minutos para a resposta, 1 minuto para o comentário e 1 minuto para a réplica.
No terceiro e último bloco do programa, está prevista mais uma rodada de confronto direto entre os candidatos. Cada um deles terá 1 minuto para a pergunta e 1 minuto para a réplica. A resposta e a tréplica terão o tempo acumulado de 4 minutos. Nesse bloco, a ordem será: Marçal, Tabata, Nunes, Boulos e Datena.
Na parte final do debate, cada um dos 5 candidatos terá 2 minutos para fazer considerações sobre um dos temas apontados pelos eleitores/telespectadores como prioritários para a cidade. Para isso, a Band vai recorrer aos dados da plataforma Sala Digital, com informações obtidas a partir de uma análise ponderada da janela de buscas do Google desde o início do debate.
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Esse mesmo tempo será utilizado pelo candidato para fazer suas considerações finais, na seguinte ordem: Guilherme Boulos, José Luiz Datena, Tabata Amaral, Pablo Marçal e Ricardo Nunes.
Segundo a Band, todos os candidatos poderão solicitar ao mediador o direito de resposta, exclusivamente em casos de ofensa moral ou pessoal, imediatamente após a fala de quem estiver com a palavra. O pedido será submetido ao comitê de avaliação formado por dois jornalistas e um advogado. Caso o direito de resposta seja concedido, o candidato contemplado terá 45 segundos para se manifestar.
“O desafio é sempre inovar, e é o que vai acontecer neste ano, com os modelos evoluídos em relação aos anos anteriores. O primeiro debate costuma dar o tom da campanha”, projeta Fernando Mitre, diretor de jornalismo da Band.
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“Neste ano, os temas locais e os sinais da polarização política vão se misturar. A campanha vai pavimentar o caminho para 2026, é verdade. Mas são as questões locais, do dia a dia da população, que vão decidir as eleições. Isso já estará bem sinalizado nos primeiros debates da Band”, avalia Mitre.
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Todos contra Nunes
A expectativa das campanhas dos principais candidatos à prefeitura de São Paulo é a de que o maior alvo no primeiro debate da eleição seja o incumbente, Ricardo Nunes, prefeito que busca a reeleição. Nesta semana, em sabatinas promovidas pelo G1, nomes como Guilherme Boulos, José Luiz Datena e Tabata Amaral centraram sua artilharia no emedebista, dando o tom do que deve ocorrer no encontro na Band. Datena chegou a dizer que Nunes corria o risco de ser preso.
O InfoMoney apurou que aliados do prefeito chegaram a recomendar a Nunes que ele não participasse do debate, mas o prefeito decidiu comparecer. Nunes está sob alvo dos principais adversários, principalmente, em função de investigações sobre escândalos como o da chamada “máfia das creches” e a suposta ligação entre empresas de ônibus que prestam serviços na capital paulista e o crime organizado.
Na semana passada, a Polícia Federal (PF) indiciou 117 pessoas no âmbito da investigação sobre a “máfia das creches”. A corporação pediu à Justiça a abertura de um inquérito específico sobre o prefeito, alvo de suspeitas por relações que manteve com uma empresa que supostamente emitia notas fiscais “frias”, quando ainda era vereador na capital. Nunes nega qualquer irregularidade.
Outro tema que deve ser explorado pelos oposicionistas é o drama da Cracolândia, região que abriga usuários de drogas e dependentes químicos em geral, que se aglomeram nas vias, praticamente à margem das ações do poder público.
Na terça-feira (6), uma megaoperação envolvendo Ministério Público (MP), Receita Federal, Polícia Militar (PM), Polícia Civil, Polícia Federal (PF) e Ministério Público do Trabalho (MPT) prendeu um dos chefes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), três guardas civis metropolitanos e dois traficantes de drogas, além de um ex-agente da Guarda Civil Metropolitana (GCM).
De acordo com as investigações, os guardas e o ex-guarda detidos são suspeitos de integrarem uma milícia que atuava no local. Os dois traficantes, por sua vez, teriam participado da venda de armas ilegais e cometido exploração sexual e da prostituição.
Marçal “sem filtro”
Outra atração do debate na Band é o candidato do PRTB, o empresário e influenciador digital Pablo Marçal, que tem movimentado as redes sociais e é visto como ameaça a Ricardo Nunes por ter potencial de angariar parte do voto do eleitorado bolsonarista. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), com quem Marçal tem boa relação, declarou apoio a Nunes e, inclusive, indicou o candidato a vice na chapa do prefeito, o ex-comandante das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) Ricardo Mello Araújo (PL).
Com mais de 12 milhões de seguidores apenas no Instagram, Pablo Marçal vem vestindo o figurino de “outsider” na campanha eleitoral. Em entrevistas e sabatinas, o candidato do PRTB bate boca com jornalistas, faz promessas de obras de viabilidade questionável e ameaça os adversários.
Nesta semana, às vésperas do debate na Band, Marçal insinuou, sem apresentar provas nem citar nomes, que dois de seus concorrentes seriam usuários de cocaína. “Faz um exame toxicológico, você vai ver que tem dois que é [sic] ‘cheirador’ de cocaína dos que estão concorrendo aí”, disse o influencer. “Vou revelar no debate, pode aguardar, vou falar lá. Cheirador de cocaína, já para de cheirar para não sair no exame”, ameaçou Marçal, durante a convenção que oficializou sua candidatura a prefeito, no último domingo (4).
Questionado por repórteres que acompanhavam o evento, Marçal afirmou que revelaria os nomes dos supostos dependentes químicos “na hora certa”. “Vai ter um debate na Band. Compre a sua pipoca, que o pau vai quebrar”, disse.
Datena volta à Band
O debate desta noite também marcará o retorno do ex-apresentador José Luiz Datena à sede da TV Bandeirantes. No dia 29 de junho, para cumprir o que determina a legislação eleitoral, o jornalista se despediu do comando do programa policial Brasil Urgente, exibido de segunda a sábado, no final da tarde. Oficialmente, Datena entrou em férias.
Desde que seu nome passou a frequentar o noticiário político como possível candidato a prefeito, Datena gerou muitas dúvidas sobre se, de fato, manteria a candidatura até o fim.
Em eleições anteriores, para diversos cargos, Datena chegou a afirmar que seria candidato, mas acabou desistindo na última hora. Em 2020, ele esteve muito próximo de ser companheiro de chapa do então prefeito Bruno Covas (PSDB), que buscava renovar o mandato. Então filiado ao MDB, ele teve uma série de conversas com Covas, que se animava com a possibilidade de ter o apresentador como vice.
Na reta final, Datena recuou mais uma vez, alegando que a Band havia lhe pedido para permanecer na emissora. O jornalista já passou por 11 partidos em sua trajetória política. Antes de trocar o PSB pelo PSDB, Datena já fez parte de PT, PP, PRP, DEM, MDB, PSL, PSD, União Brasil e PSC – em uma verdadeira “montanha-russa” partidária.
Desde que deixou a TV, Datena já havia retornado aos estúdios do Grupo Bandeirantes algumas vezes – ele foi entrevistado em sabatinas promovidas pela Rádio Bandeirantes e pela BandNews com os candidatos à prefeitura. Nesta noite, no entanto, será a primeira vez que o jornalista pisará na emissora para participar de um debate eleitoral como candidato.
Nos bastidores, integrantes das outras campanhas brincam com o fato de Datena “jogar em casa” na Band. O ex-apresentador do Brasil Urgente ainda conta, inclusive, com um camarim exclusivo na emissora, identificado com o seu nome. De acordo com a organização do debate, Datena será tratado rigorosamente da mesma forma que os demais candidatos, sem privilégios.
Candidata do Novo vai à Justiça
Fora do debate da Band, a candidata do Partido Novo à prefeitura de São Paulo, Marina Helena, ainda tenta obter autorização judicial para comparecer ao encontro desta noite.
Marina Helena e o Novo questionam os critérios adotados pela emissora e citam o convite feito a Pablo Marçal, candidato do PRTB. De acordo com a legislação eleitoral, as emissoras de TV aberta devem convidar candidatos de partidos que tenham representação de pelo menos 5 parlamentares no Congresso Nacional.
O Novo alega que tem 5 congressistas e, portanto, cumpre o requisito legal mínimo para que sua candidata participe do debate. O PRTB, de Marçal, não elegeu nenhum deputado ou senador em 2022.
Na segunda-feira (5), o juiz Rodrigo Marzola Colombini, da 2ª Zona Eleitoral de São Paulo, havia autorizado a participação da candidata, atendendo ao pedido apresentado pelo Novo. O departamento jurídico da Band, no entanto, recorreu da decisão e afirmou que o prazo para a contagem dos parlamentares se encerrou no dia 20 de julho – e, naquele momento, o Novo tinha apenas 4 congressistas. O deputado Ricardo Salles (SP), que estava no PL, se filiou ao Novo no dia 2 de agosto.
Na terça-feira (6), o juiz reconsiderou a decisão inicial e vetou a participação de Marina Helena no debate. Após o novo entendimento da Justiça Eleitoral, a candidata convocou uma manifestação em frente à sede da emissora e classificou a posição da Band como uma “arbitrariedade”.
Segundo os advogados do Novo, o partido recorrerá e tentará obter uma liminar na Justiça, até o momento do início do debate, para garantir a participação de Marina Helena.