“Fraco” e “menino Robin”: bate-boca antecipa disputa eleitoral no Rio em 2026

Bate-boca público entre o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), e o deputado federal Pedro Paulo (PSD-RJ), aliado de primeira hora do prefeito Eduardo Paes (PSD), antecipa provável disputa em 2026

Fábio Matos

Cláudio Castro (PL), governador do Rio de Janeiro (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)
Cláudio Castro (PL), governador do Rio de Janeiro (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

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Um bate-boca público entre o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), e o deputado federal Pedro Paulo (PSD-RJ), aliado de primeira hora do prefeito Eduardo Paes (PSD), antecipou uma provável disputa eleitoral entre esses dois grupos políticos no pleito de 2026 para o governo estadual. 

As desavenças públicas começaram a partir de uma entrevista concedida por Pedro Paulo ao jornal O Globo, publicada nesta segunda-feira (11). Na ocasião, Pedro Paulo fez uma série de críticas a Castro, a quem chamou de “governador fraco”. 

“Precisamos de um governador com tamanho político para enfrentar esses problemas [segurança pública e a questão fiscal]”, afirmou o deputado. “Tivemos dois governadores recentemente: [Wilson] Witzel, o breve, e Cláudio Castro, o fraco. Não conseguiu enfrentar essas duas dimensões”, disparou o aliado de Eduardo Paes. 

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“Para enfrentar milícias e tráfico, entrada de armas, é fundamental ter ajuda federal. E falo de tamanho político porque precisamos de coragem para refundar a polícia, reestruturar. Enfrentar também a questão da ADPF das Favelas, que tinha um mérito no início, mas teve efeito contrário. Aumentou o problema das áreas dominadas pelos grupos armados e ainda virou uma desculpa para ocultar a incompetência do governo Castro”, criticou Pedro Paulo. 

Na entrevista, o deputado federal deixou claro que o objetivo de seu grupo político é lançar Paes como candidato ao governo do estado em 2026. Castro, que está em seu segundo mandato, não poderá concorrer novamente. 

“Eduardo vai enfrentar um dilema pessoal, a família é contra, o peso de ser governador é grande. Mas não vai ter alternativa: terá que ser candidato. Não falo só por ser presidente do PSD [do Rio] e próximo a ele por tantos anos. Parto do diagnóstico dos principais problemas do estado: segurança pública e o problema fiscal”, disse o parlamentar. 

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“O Eduardo tem um vice que é a garantia de continuidade. O [Eduardo] Cavaliere [também do PSD] é um quadro jovem, mas experiente, muito preparado. Isso vai ter que ser explicado, mas não tenho dúvida de que muita gente votou no Eduardo com a expectativa de que ele seja um caminho para reverter a situação do estado. Precisamos de um governador com tamanho político para enfrentar esses problemas, que também passam pela esfera federal”, prosseguiu Pedro Paulo. 

“O que não fazemos é acordo espúrio, é bom que saibam até que página vamos. Mas, obviamente, tem essa dificuldade de expansão. Como se faz uma campanha sem prefeitos que são forças regionais? É um estado que sempre teve dificuldade de fazer o prefeito da capital virar governador. O PSD vai trabalhar para ter essas forças. Dialogar com Washington Reis, do MDB, em Caxias. Com o Wladimir [Garotinho], do PP, que ganhou em Campos. Tem o Rogério Lisboa, do PP, de Nova Iguaçu. Mas sabemos da dificuldade.”

Castro responde

Após a entrevista do aliado de seu adversário político, o governador Cláudio Castro também veio a público e rebateu as críticas de Pedro Paulo. 

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“O eterno menino Robin, também videomaker nas horas vagas, que sempre viveu atrás do Batman, voltou a aparecer. De expurgado pelas urnas em 2016, vetado em 2022 para ser ministro e, agora, abandonado no altar em 2024, ele surge como um ventríloquo em busca de sobrevida”, atacou Castro. “Mas ele a gente já conhece: não tem história, não tem trajetória, não tem brilho e vive atrás de uma boquinha.”

O chumbo trocado entre o governador do Rio e o deputado Pedro Paulo é uma prévia do que deve acontecer daqui a dois anos, em 2026. Sem poder se candidatar a um novo mandato, Castro terá de indicar um nome para representá-lo na sucessão. Do lado oposto, a candidatura de Paes ao governo do Rio – que o prefeito da capital fluminense tem negado – é dada como certa nos bastidores. 

Nova tentativa?

Apontado até mesmo por adversários como um dos políticos mais habilidosos do país, Paes assegurou, já no primeiro turno das eleições municipais deste ano, seu quarto mandato à frente da capital fluminense – o segundo consecutivo. Ele já havia governado o Rio por dois períodos, entre 2009 e 2017, invariavelmente com uma avaliação muito positiva sobre sua gestão.

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Paes já disputou o governo do estado duas vezes, em 2006 e 2018, mas foi derrotado em ambas. O vice-prefeito eleito, Eduardo Cavaliere (PSD), foi escolhido pessoalmente por Paes e é fiel escudeiro do prefeito, que o considera apto a assumir o governo municipal caso o titular deixe o posto daqui a dois anos.

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Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”