Forbes vê Brasil testando a paciência de Wall Street, enquanto WSJ aponta revolução no mercado com Bolsonaro

Artigos recentes da imprensa americana destacam visões diferentes sobre a política econômica do governo Bolsonaro

Lara Rizério

(Alan Santos/PR)
(Alan Santos/PR)

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SÃO PAULO – O Brasil vem ganhando destaque na imprensa internacional nas últimas semanas. Na semana passada, o noticiário externo foi repleto de repercussões sobre o discurso do presidente Jair Bolsonaro na Assembleia da Organização das Nações Unidas (ONU), em que ele abordou temas polêmicos, como as queimadas da Amazônia.

Desde o último domingo, contudo, duas publicações americanas deram maior destaque à agenda econômica do governo Bolsonaro, comandada por Paulo Guedes.

O tom adotado por Kenneth Rapoza, colunista da Forbes, não foi muito positivo. Ele afirmou que o Brasil “está testando a paciência de Wall Street”, ao comentar sobre o atraso na votação da reforma da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.

“Na quarta-feira passada, o Senado tinha programado votar o projeto de reforma da Previdência muito elogiado e necessário. Em seguida, a votação foi adiada para quinta-feira. Não aconteceu, como também não ocorreu na sexta-feira. Agora, ele deve ser votado na terça-feira”, apontou.

Vale destacar, na manhã desta segunda-feira (30), o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), reforçou que o texto vai ser votado na terça na CCJ e seguirá para o plenário no mesmo dia.

Os adiamentos sucessivos têm causado certa apreensão entre os investidores, apesar da garantia de Alcolumbre de que o cronograma para a aprovação no Congresso está mantido.

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Segundo a Forbes, o mercado de ações do Brasil esteve em compasso de espera durante toda a semana aguardando essa votação: “uma votação que deveria ser uma vitória para o presidente Jair Bolsonaro, que fez da reforma previdenciária uma de suas principais políticas econômicas em seu primeiro ano no cargo”.

Durante o texto, Rapoza ressaltou a importância da reforma previdenciária para que o Brasil mantenha a PEC do teto de gastos. Sem a reforma previdenciária, a emenda do teto de gastos do governo é alvo de discussão.

Porém, o colunista faz uma ponderação ao destacar que, apesar de uma alta relação entre dívida e PIB, de cerca de 77%, a maior parte dela é precificada na moeda local, tornando o risco de inadimplência menor do que haveria se o governo do Brasil fosse financiado em dólares.

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Por outro lado, o jornal americano The Wall Street Journal, em coluna de Mary Anastasia O’Grady, mostrou apoio ao que classificou de “revolução do mercado” no Brasil, trazendo um artigo com um tom positivo sobre o governo brasileiro.

De acordo com o período, a inflação controlada, a queda de juros e alta da Bolsa, além de um novo projeto para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), trazem um cenário otimista para o crescimento brasileiro, e isso está relacionado com o novo governo.

As expectativas mais positivas para a economia já tinham começado em 2016, durante o governo de Michel Temer, aponta o WSJ, mas ganharam forças com o início do governo de Bolsonaro em janeiro.

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Além disso, o jornal americano também avalia de forma positiva o discurso de Bolsonaro na ONU, destoando de boa parte da imprensa internacional, que trouxe críticas às falas do presidente brasileiro.

Para O’Grady, “Bolsonaro se recusa a se curvar aos deuses verdes e à polícia do pensamento externo e, por isso, é condenado. No entanto, algo novo e importante está acontecendo no Brasil, mesmo que os ideólogos da ONU estejam muito envolvidos em clichês ambientais e políticas de interesses especiais para reconhecê-lo”, destacou.

Segundo a colunista, Bolsonaro pode até se tornar mais um político da velha escola. “Mas, surpreendentemente, sua agenda parece um divisor de águas para milhões de brasileiros pobres. Se seus críticos estivessem interessados ​​no futuro do Brasil, eles o cobrariam por suas promessas, em vez de falar mal dele”, apontou, mostrando apoio à agenda do brasileiro.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.