Fazenda defende “olhar mais profundo” sobre efeitos da desoneração da folha

Secretário de Política Econômica diz que alternativa ao texto aprovado pelo Congresso (e vetado por Lula) pode ser apresentada ainda nesta semana

Marcos Mortari

O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello (Foto: EDU ANDRADE/Ascom/MF)
O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello (Foto: EDU ANDRADE/Ascom/MF)

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O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, afirmou, nesta segunda-feira (11), que o governo federal deve apresentar, nos próximos dias, uma proposta alternativa ao projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional que prorrogou a desoneração da folha de pagamentos a 17 setores econômicos.

Durante participação em evento promovido pela XP Investimentos, em São Paulo, o economista questionou os efeitos produzidos por essa política de benefício tributário, adotada ainda durante o governo de Dilma Rousseff (PT), e disse que é um equívoco dar continuidade a ela sem modificações. A medida atende hoje segmentos como calçados, vestuário e construção civil.

O texto foi vetado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas parlamentares têm pressionado o governo e ameaçado derrubar o veto na próxima sessão do Congresso Nacional. Para frear o movimento, o Poder Executivo tem prometido um plano alternativo antes do recesso parlamentar.

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“Na nossa avaliação, não só há um equívoco [manter as desonerações no desenho atual], do ponto de vista desta substituição tributária, mas é necessário que você tenha um olhar mais profundo sobre os efeitos dessa política, de realmente quando e onde ela faz sentido”, afirmou o secretário.

“O que estamos construindo, e vamos apresentar – espero ainda nesta semana -, é uma proposta alternativa à mera manutenção que foi aprovada no Congresso Nacional”, disse.

A atual política de desoneração da folha substitui a contribuição previdenciária patronal, de 20% sobre a folha de salários, por alíquotas de 1% a 4,5% sobre a receita bruta. A ideia é que esse mecanismo reduza os encargos trabalhistas dos setores desonerados e estimule a contratação de pessoas.

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Caso nada seja feito e o veto prevaleça, os setores beneficiados viram o ano sem o regime favorecido – o que eles alegam que provocaria uma onda de demissões. O governo, por outro lado, estima que a renúncia com a desoneração é de cerca de R$ 9,4 bilhões.

O texto aprovado pelo Poder Legislativo, e vetado integralmente por Lula, também reduz a contribuição previdenciária paga por municípios com até 142 mil habitantes – o que amplia o impacto fiscal da medida, considerada inconstitucional pelo governo.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.