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SÃO PAULO – A decisão da China ampliar a faixa de oscilação do yuan frente ao dólar, de 0,5% para 1%, foi vista como um pequeno mas importante gesto para tornar as taxas de câmbio flexíveis, afirmam o Danske Bank e o Société Générale. O governo chinês sempre adotou o regime de fixação da taxa de câmbio, de modo a manter a moeda corrente do país artificialmente desvalorizada frente à moeda norte-americana e estimular as exportações.
Entretanto, o analista do Danske Bank, Flemming Nielsen, ressalta que, com a transição de liderança na China e com as eleições presidenciais nos EUA no final do ano, a China permitirá uma apreciação da moeda para evitar que esse assunto vire uma discussão política nesse ano, afirma o analista.
Já se esperava uma flexibilização das bandas cambiais do yuan este ano, avalia o analista do banco dinamarquês. “A mensagem principal é de que a volatilidade entre o dólar e a moeda chinesa irá aumentar, o que já era visto como natural diante do comportamento do banco chinês nos últimos meses”, afirma Nielsen.
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Ambiente mais calmo para mudança
A analista do Société Générale, Wei Yao, ressalta que o ambiente mais calmo nos meses recentes, comparado ao turbulento ano de 2011, ofereceu uma boa oportunidade para o aumento das bandas cambiais. “Economicamente falando, essa mudança levará à maior flexibilidade na taxa de câmbio; politicamente falando, ela provavelmente melhorará as relações da China com seus parceiros comerciais, especialmente em ano de eleições norte-americanas”, avalia a analista do banco francês.
O Société Générale afirma ainda que a China tem claramente acelerado o passo para a abertura ao capital externo e à convertibilidade do capital corrente nos últimos meses. Esses passos não são menos importantes que o aumento das bandas cambiais.
Wei ressalta ainda que, após o aumento da banda cambial, há mais motivos para se pensar em alguma depreciação modesta do yuan frente ao dólar no curto prazo, devido à expectativa de desaceleração na economia do país e na menor aversão ao risco global. Entretanto, a analista ainda vê espaço para apreciação do yuan frente ao dólar no segundo semestre desse ano.