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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), minimizou as críticas e ruídos no mercado financeiro em relação aos comentários do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a necessidade de cortes da taxa básica de juros (Selic) pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central (BC).
Segundo Haddad, o receio de setores do mercado financeiro em relação ao comportamento do governo na economia são infundados. O ministro reconheceu, no entanto, que há alguns problemas de comunicação no Executivo federal.
“A comunicação do governo, às vezes, peca por detalhe. Outra coisa é a transição no BC. Este é o primeiro governo que está passando por 2 transições, a do [Paulo] Guedes para mim e a do Roberto Campos Neto para o [Gabriel] Galípolo [indicado por Lula para a presidência do BC]”, enumerou Haddad ao explicar por que houve certo estresse do mercado recentemente, em participação na Expert XP 2024, em São Paulo.
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“Mudou o regime de meta, agora é meta contínua. Mudou o presidente, está terminando o mandato do Roberto… Acho um pouco natural, mas estou bastante tranquilo que essas coisas vão convergir e os fundamentos vão falar mais alto do que a incerteza que ainda paira no horizonte”, disse Haddad. “Vamos terminar o ano bem, com a Bolsa subindo e o PIB reajustado para cima, baixo desemprego e inflação dentro da meta.”
Em relação às falas de Lula em defesa da queda dos juros, o ministro da Fazenda afirmou que se trata de algo “normal” em uma democracia.
“Falar de política de juro é meio normal no mundo inteiro. O [Joe] Biden falou de juro, o [Donald] Trump falou de juro… Em uma democracia, assim como o meu trabalho é avaliado todo dia… Tem um certo tabu em relação à política monetária. As autoridades fiscal e monetária têm que se entender”, disse o ministro.
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Incerteza sobre juros
Questionado sobre as expectativas em relação ao movimento da taxa básica de juros nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, Fernando Haddad disse que isso dependerá do que ocorrer com os juros nos Estados Unidos.
“Havia pessoas que entendiam que esse corte [do Federal Reserve, o Banco Central americano] seria em março. Eu não era tão otimista, mas estava convencido de que começaria a cortar em junho. Quando o Fed e o nosso BC começaram a mudar o discurso, isso deu uma desconcertada. Não ficou legal, houve uma cacofonia”, afirmou Haddad.
“Mas nós vamos sair disso uma hora. Os ruídos ainda estão muito grandes”, prosseguiu o ministro.
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Haddad disse, ainda, que não se sente “atacado pelas críticas à política fiscal e ao governo”. “Se eu conseguir deixar a economia brasileira melhor do que eu recebi, este é o nosso papel, valeu a pena”, concluiu.