Ex-prefeito pagou R$ 85 mil por fuzil usado em falso atentado, diz jornal

Delação aponta que José Aprígio e aliados teriam planejado ataque para impulsionar candidatura à reeleição

Marina Verenicz

José Aprígio (Podemos), de 72 anos, é prefeito de Taboão da Serra (SP) e candidato à reeleição (Foto: Reprodução/Facebook)
José Aprígio (Podemos), de 72 anos, é prefeito de Taboão da Serra (SP) e candidato à reeleição (Foto: Reprodução/Facebook)

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O ex-prefeito de Taboão da Serra, José Aprígio (Podemos), teria desembolsado R$ 85 mil para adquirir o fuzil usado na encenação de um atentado contra ele próprio durante a campanha eleitoral de 2024. A informação consta na delação premiada de um dos presos no caso, cujo conteúdo foi revelado pelo portal G1.

Segundo a delação, homologada pela Justiça, Aprígio e pelo menos nove pessoas são investigadas por associação criminosa e tentativa de homicídio simulada. O plano teria sido arquitetado para gerar comoção e alavancar sua candidatura à reeleição.

“José Aprígio queria contratá-los para ‘dar um susto’ nele, a fim de chamar a atenção da mídia e impulsionar sua candidatura à prefeitura”, diz trecho do depoimento do colaborador.

Segundo o delator, secretários municipais envolvidos no esquema intermediaram o pagamento de R$ 500 mil para cinco atiradores e seus comparsas. As informações foram cruciais para que a Polícia Civil e o Ministério Público deflagrassem, nesta segunda-feira (17), a “Operação Fato Oculto”, visando prender os suspeitos.

Simulação saiu do controle

O suposto atentado ocorreu em 18 de outubro de 2024, quando o carro blindado de Aprígio foi atingido por seis disparos de fuzil na Avenida Aprígio Bezerra da Silva, que leva o nome do pai do político. O então prefeito foi baleado no ombro esquerdo, mas seu motorista, um secretário e um fotógrafo, que estavam no veículo, saíram ilesos.

As investigações indicam que os organizadores da farsa não previram que os disparos atravessariam a blindagem e atingiriam Aprígio. “Foi o próprio prefeito quem pediu para atirar no vidro do veículo”, revelou o delator, explicando que o grupo acreditava que os tiros não ultrapassariam a proteção do carro.

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O relatório da Polícia Civil é categórico ao afirmar que não houve uma tentativa real de homicídio, mas sim uma encenação para influenciar a opinião pública.

“O conjunto probatório comprova que não houve tentativa de homicídio contra José Aprígio, mas um embuste voltado a reverter a vontade dos eleitores de Taboão da Serra, legitimamente expressada nas urnas”, diz o documento.

Defesa nega acusações

A defesa do ex-prefeito negou as acusações e afirmou que Aprígio foi “vítima de um atentado real”. Segundo seu advogado, o ex-prefeito “está tranquilo e seguro” e se disse surpreso com as conclusões da investigação.

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Aprígio perdeu a disputa para o Engenheiro Daniel (União Brasil), que venceu o segundo turno das eleições municipais de 2024.