Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro presta novo depoimento à Polícia Federal

Tenente-coronel Mauro Cid falará novamente à PF, desta vez no âmbito do inquérito que investiga as joias recebidas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)

Equipe InfoMoney

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), depõe na CPMI do 8 de Janeiro, no Congresso Nacional (Antônio Cruz/Agência Brasil)Mauro Cid (Foto: Lula Marques/Agência Brasil)
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), depõe na CPMI do 8 de Janeiro, no Congresso Nacional (Antônio Cruz/Agência Brasil)Mauro Cid (Foto: Lula Marques/Agência Brasil)

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O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), prestará novo depoimento à Polícia Federal (PF), nesta sexta-feira (26), desta vez no âmbito do inquérito que investiga as joias recebidas pelo ex-mandatário.

Segundo informações do blog da jornalista Camila Bomfim, do G1, agentes da PF estão nos Estados Unidos para realizar as últimas diligências sobre a suposta venda de joias do acervo da Presidência da República. A equipe de agentes ouvirá Cid por meio de videoconferência.

O processo de investigação sobre o caso incluiu diligências em cidades como Miami, Wilson Grove e Nova York, nos EUA. A primeira etapa da cooperação internacional contou com o envio de documentos e dados bancários dos envolvidos. A fase atual consiste no chamado “trabalho de campo”, com entrevistas e depoimentos.

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Os policiais federais vêm atuando conjuntamente com agentes especiais da polícia dos EUA e utilizam a estrutura do FBI (a polícia federal americana). O inquérito deve ser concluído após o retorno dos policiais ao Brasil.

Bolsonaro recebeu inúmeras joias e presentes enquanto ocupou a Presidência da República, entre janeiro de 2019 e dezembro de 2022. De acordo com as investigações da PF, uma série de itens teriam sido vendidos nos EUA a partir de junho de 2022, último ano de mandato do então presidente.

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Mauro Cid na prisão

O tenente-coronel Mauro Cid está preso desde o fim de março deste ano, por descumprir medidas cautelares e tentar obstruir a Justiça.

A ordem de prisão preventiva do militar foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O magistrado é o relator, na Corte, do inquérito que apura os atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, que culminaram na invasão às sedes dos Três Poderes, em Brasília. Moraes também é o responsável pelos inquéritos das milícias digitais e das fake news.

Mauro Cid foi preso depois de participar de uma audiência no STF de confirmação dos termos de sua delação premiada, no âmbito do inquérito que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado no Brasil, em 2022.

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O episódio ocorre após o vazamento de áudios em que Mauro Cid diz a um amigo ter sido vítima de coação por parte da Polícia Federal (PF) durante seus depoimentos.

“Eles [investigadores] queriam que eu falasse coisa que eu não sei, que não aconteceu”, afirma Cid em uma das gravações. Segundo a Veja, trata-se de uma conversa do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro com um amigo. A interação durou cerca de uma hora. O diálogo teria sido captado após o sétimo depoimento de Cid à PF, que durou cerca de nove horas.

“Você pode falar o que quiser. Eles não aceitavam e discutiam. E discutiam que a minha versão não era a verdadeira, que não podia ter sido assim, que eu estava mentindo”, diz Cid em um dos trechos do áudio.

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Ainda de acordo com o militar, os investigadores já estão com a “narrativa pronta” sobre o caso. Além dos atos golpistas, o tenente-coronel menciona a investigação sobre a suposta falsificação no cartão de vacinação de Bolsonaro – que levou aos indiciamentos do próprio Cid, do ex-presidente e de outras 15 pessoas.

“Eles estão com a narrativa pronta. Eles não queriam saber a verdade, eles queriam só que eu confirmasse a narrativa deles. Entendeu? É isso que eles queriam”, afirmou. “E todas as vezes eles falavam: ‘Olha, mas a sua colaboração. Olha, a sua colaboração está muito boa’. Ele [o delegado] até falou: ‘Vacina, por exemplo, você vai ser indiciado por nove negócios de vacina, nove tentativas de falsificação de vacina. Vai ser indiciado por associação criminosa e mais um termo lá’. Ele falou assim: ‘Só nessa brincadeira são 30 anos para você’”, relata Mauro Cid.