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SÃO PAULO – Em entrevista ao jornal Valor Econômico, o juiz Sérgio Moro, um dos principais símbolos da Operação Lava Jato, destacou o amadurecimento institucional do Brasil no processo, mas manteve cautela ao falar sobre a herança deixada pela operação.
“Eu realmente acho que há risco de retrocesso”, afirma Moro, referindo-se à tentativa de anistia geral a crimes ligados a doações eleitorais, encampada pela Câmara dos Deputados no fim do ano passado. “Se fosse [somente com relação] ao caixa dois seria algo menos preocupante. Digo a tentativa de anistia geral. E ainda tem uma incógnita, porque há muitas investigações em andamento. Teremos de ver qual será o destino delas”, afirmou.
Moro ainda elogiou o legado da Lava Jato: “o trabalho que foi feito até agora é difícil de ser perdido. Porque já tem várias condenações, pessoas cumprindo pena, centenas de milhões foram recuperados e em parte restituídos para a Petrobras. Acho que a grande questão é até onde vai, entendeu? Para onde se pode ir”.
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Moro destacou ainda o papel da sociedade civil organizada como importante para a Lava Jato chegar onde chegou, além do crescimento institucional e da dimensão dos fatos investigados pela Operação. Sobre eventuais excessos cometidos pela operação, ele afirmou “não vê-los com clareza”. “Pela dimensão dos crimes em investigação e pelo caráter sistemático deles, não vejo algo que possa ser descrito como excesso”, afirmou.