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SÃO PAULO – Um único homem conseguiu desbancar todo o intricado esquema envolvendo a Petrobras na votação da entidade Transparência Internacional e foi eleito o protagonista do maior caso de corrupção do mundo. Trata-se do ex-presidente da Ucrânia durante 2010 e 2014, Viktor Yanukovych.
Yanukovych foi deposto da presidência do país após muitos dias – 93, para dizer mais exatamente – de intensos protestos populares em meio à aproximação do país com a Rússia, em meio à rejeição do acordo com a União Europeia, além da corrupção que deflagrou o seu governo e estimulou a sua entrada no ranking do maior caso de corrupção do mundo da entidade.
O site da Transparência Internacional destaca alguns motivos para ter colocado o ex-presidente, que já esteve na lista de procurados da Interpol, no seu ranking de maiores casos de corrupção.
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“Vivia em uma mansão que custou vários milhões de dólares, os bens do estado avaliados em milhões de dólares acabaram nas mãos dele e de pessoas próximas, fugiu para a Rússia antes da Ucrânia o acusar de desvio de bens do Estado” são algumas das boas razões pena entidade para Viktor ser o protagonista do maior caso de corrupção do mundo.
Yanukovych nasceu em 09 de julho de 1950 no povoado de Enakievo, região de Donetsk. Nascido em uma família de trabalhadores, terminou o Instituto Politécnico de Donetsk com a especialidade de engenheiro mecânico em 1980, ano em que ingressou na carreira política no Partido Comunista da União Soviética. Em 2001, terminou a Academia de Comércio Externo da Ucrânia, recebendo o grau de mestre em Direito Internacional.
Mesmo antes de entrar na política e ser ver envolvido em diversos casos de corrupção, a sua juventude também foi marcada por polêmicas: sua biografia tem duas condenações, por roubo em 1967 e lesões corporais de gravidade média em 1970, algo mencionado por ele mesmo em sua biografia.
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Mas o foco do site Transparência Internacional e dos 13.210 votos que o elegeram como protagonista do maior caso de corrupção do mundo não é exatamente a juventude de Yanukovych e, sim, o que ele fez quando já era um dos maiores políticos da Ucrânia. No foco, estiveram casos de corrupção desde quando ele assumiu o cargo de primeiro-ministro, em 2002 – e como o seu padrão de vida era incompatível com o seu salário.
“Ganhando, a dada altura, apenas US$ 700 por mês, Viktor Yanukovych parecia saber como ficar extraordinariamente rico”, destaca o site da Transparência Internacional. Como Primeiro Ministro, em 2006, disse que ganhava US$ 5 mil por mês – ainda insuficiente para viver como ele vivia. Entre os “mimos” do ex-presidente, estavam um campo de golfe, um zoo privado e uma réplica de um galeão espanhol em tamanho real, que eram apenas algumas das atrações que tinha em Mezhyhirya, a propriedade do antigo presidente.
A ONG lembra que, em fevereiro de 2014, quando ele foi deposto após a eclosão de um conflito civil que resultou em perto de 80 mortes na Ucrânia, multidões foram ver a propriedade multimilionária e o seu sistema de iluminação, avaliado em US$ 100 mil, US$ 2 milhões em madeiras decorativas e um spa repleto de sal de gruta. Enquanto isso, o PIB per capita da Ucrânia era de menos de US$ 4 mil em 2013.
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A primeira vez que Yanukovych passou a habitar a propriedade de 137 hectares do governo, foi quando ele foi primeiro-ministro em 2002. A ONG ressalta que, depois da Revolução Laranja de 2004, Yanukovych perdeu o seu cargo e a Mezhyhirya, mas voltou ao posto e à propriedade um ano depois. Ele deixou a sua posição de Primeiro Ministro em 2007 mas – e o mais impressionante disso tudo -, é que ele continuou a viver na propriedade, que acabou por ser privatizada, de uma forma um tanto quanto suspeita, através de uma série de negociações envolvendo companhias aparentemente controladas por sócios próximos.
E a grande questão passou a ser: como a Mezhyhirya foi parar nas mãos do político? A ONG destaca companhias de fachada que, supostamente, permitiram que o ex-primeiro-ministro e o seu círculo mais próximo desviassem um grande valor em bens do estado.
Uma sociedade de comércio internacional adquiriu a propriedade sem qualquer tipo de licitação e, em seguida, abriu falência. Mezhyhirya foi então adquirida pela Tantalit, uma empresa ucraniana de imobiliário e construção. A Tantalit foi registrada em nome de Serhiy Kluyev, um deputado que fugiu do país quando o Parlamento lhe retirou a imunidade, e que está presentemente a ser investigado. Em março de 2014, a União Europeia baniu a entrada de Kluyev e dos seus comparsas nos seus territórios, congelou os bens registrados em seu nome, e estendeu o banimento a Kluyev até março de 2016.
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Yanukovitch fugiu da Ucrânia em fevereiro de 2014, e a própria televisão ucraniana mostrou imagens do que seria o então presidente abandonando o seu palácio. Porém, ele não saiu antes de – juntamente com seus cúmplices -, despejar no lago da propriedade milhares de documentos com registros de transações imobiliárias.
Ele fugiu da Ucrânia para a Rússia em 2014 depois de acumular uma fortuna, enquanto o país estava no auge de graves crises política e econômica.
Porém, quase dois anos se passaram, e os problemas que tanto afetaram o país continuam. Segundo o The Guardian, o FMI (Fundo Monetário Internacional) alertou que vai interromper seu programa de resgate de US $ 40 bilhões para a Ucrânia se o país não tomar medidas imediatas para combater a corrupção.
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“Estou preocupada com o lento progresso do governo da Ucrânia em combater a corrupção e reduzir a influência dos interesses adquiridos com elaboração de políticas”, afirmou a diretora-geral do Fundo, Christine Lagarde. E reforça: “a Ucrânia corre o risco de um retorno ao padrão de políticas econômicas fracassadas que tem atormentado a sua história recente”. A fala de Lagarde se seguiu à renúncia na última semana do ministro da Economia da Ucrânia, Aivaras Abromavius, depois de ter acusado um assessor do presidente do país, Petro Poroshenko, de impedir as reformas anti-corrupção.
Pelo visto, ainda há potencial para haver novos “Viktors Yanukovychs” assombrando a Ucrânia.
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