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SÃO PAULO – A Espanha no passado pressionou Irlanda e Portugal a pedirem resgates financeiros internacionais, para evitar que a crise da dívida na zona do euro se alastrasse.
Agora a situação se inverteu, e Madri evita solicitar ajuda – inclusive porque o governo espanhol sabe bem que seus colegas portugueses e irlandeses foram rejeitados nas urnas depois de fazerem isso.
Preparando-se para uma importante eleição regional em 21 de outubro, o primeiro-ministro Mariano Rajoy não tem pressa nenhuma em ceder aos nervosos apelos da França, da Itália e da própria Irlanda para solicitar um resgate que atenue as preocupações dos investidores com a dívida espanhola.
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Dublin e Lisboa evitaram durante meses pedir ajuda da UE (União Europeia) e do FMI (Fundo Monetário Internacional) em 2010/11, o que alimentou as turbulências no mercado financeiro, numa inútil tentativa de evitar a humilhante perda da soberania e a adoção de impopulares cortes orçamentários.
Agora Rajoy, há nove meses no cargo, faz o contrário do que o governo espanhol anterior pedia para os outros, e garante que Madri não precisa de ajuda.
Parte dessa procrastinação deve-se à personalidade de Rajoy, que age com a teimosia considerada típica dos galegos. “Rajoy é resistente. Essa é a vida dele. Ele prefere tomar uma decisão ruim em três meses a tomar uma boa amanhã”, disse um ex-funcionário do Partido Popular.
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A oferta de potencial ajuda feita neste mês pelo BCE (Banco Central Europeu) aliviou um pouco o custo da dívida espanhola, dando um respiro a Rajoy. A Alemanha, cujo eleitorado odeia financiar resgates, tampouco demonstra pressa.
Mas a tensão permanece, e líderes de outros países temem que a relutância espanhola gere turbulências nos mercados, causando uma reação em cadeia.
“A Espanha estava muito favorável a agir rapidamente no caso de Portugal, para cortar o contágio”, disse uma autoridade graduada da zona do euro. “Está claro que países como França e Itália gostariam de ver uma solicitação da Espanha em breve. Mas a Alemanha, por exemplo, claramente não está com pressa.”
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Mas, evitando ferir o orgulho espanhol, os governos da UE estão usando uma linguagem diplomática para pressionar Rajoy.
“Temos de respeitar o fato de que a Europa é composta por 27 Estados membros, e cada um deles é soberano, e isso é particularmente verdade no caso de um país importante e orgulhoso como a Espanha”, disse o ministro francês das Finanças, Pierre Moscovici.
“Mas se em dado momento eles quiserem algo da União Europeia, as ferramentas estão aí”, afirmou ele à TV Reuters na semana passada.
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