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SÃO PAULO – Já faz algumas semanas que Michael Bloomberg vinha dando sinais de que poderia entrar na disputa pela Casa Branca. Antes de haver confirmado a candidatura, já havia se inscrito na data limite para participar das primárias democratas em dois estados, por exemplo. Neste final de semana, foi feito o anúncio oficial de que o empresário e ex-prefeito de Nova York (2002-2013) entrará mesmo na já apertada corrida para ser o escolhido do partido democrata para enfrentar Donald Trump.
Dado o anúncio tardio, ainda não há muitos detalhes sobre a plataforma proposta pelo agora candidato. Entretanto, por seu histórico na política e pelas primeiras peças apresentadas, é provável que se alinhe aos candidatos mais ao centro na disputa pela vaga democrata, algo que deve ser comemorado por empresários e pelo mercado.
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Entretanto, as condições objetivas da disputa podem não ser tão favoráveis quanto se imagina. Por um lado, ele deve injetar milhões de dólares em sua própria campanha – na largada, comprou US$ 34 mi em espaço para propaganda e prometeu gastar US$ 100 mi em campanhas na internet e pelo menos US$ 35 mi em campanhas para registrar eleitores em estados competitivos eleitoralmente. E, também como moderado, tenderia a desempenhar bem contra Trump na eleição de 3 de novembro de 2020.
Por outro, sua promessa de não receber doações o excluirá dos debates entre candidatos do partido democrata – o próximo é em dezembro; há resistência significativa da base mais liberal (ou de esquerda, numa adaptação para a política brasileira) do partido ao bilionário que foi eleito em NY como republicano; sua entrada, ao menos inicialmente, deve ter o efeito de fragmentar ainda mais o eleitor mais ao centro, hoje com Biden e Buttigieg, que agregar eleitores novos ao partido; e sua estratégia de não participar da disputa nos early states, que antecedem a super Tuesday, apesar de matematicamente parecer razoável, atenta de alguma maneira contra exemplos históricos de candidatos que conseguiram alavancar a campanha depois de um bom começo.
Essa foi a estratégia de Obama em 2008 e, na eleição de 2020, é a adotada pelo candidato Pete Buttigieg, que lidera as intenções de voto em Iowa, primeiro estado a ir às urnas.
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Por enquanto, seis pesquisas o incluíram nas simulações das primárias. Teve 1% das intenções de voto na pesquisa nacional mais recente e chegou, no máximo, a 6% entre todas elas. A média é de 3%. Ainda que os números possam mudar nas próximas semanas, afinal ele agora se tornou candidato, não é um começo muito animador. Ele fica atrás de Biden, Warren, Sanders e Buttigieg, respectivamente. Pesquisas com democratas sobre sua opinião em relação ao candidato também não ajudam. Entre os eleitores do partido em levantamentos realizados em novembro, 37% tem uma visão favorável sobre Bloomberg, mesmo ele não sendo um desconhecido para os eleitores.
Portanto, a entrada de Bloomberg, se por um lado dá um respiro a quem está preocupado com a possível escolha de candidatos mais liberais, como Bernie Sanders ou Elizabeth Warren, por outro, o efeito inicial deve ser de maior fragmentação dos votos de centro, o que pode adiar ainda mais a decisão da disputa entre os democratas. O que é possível afirmar por enquanto, é que os dados disponíveis até aqui não permitem uma empolgação de que a candidatura terá uma trajetória clara e retilínea em direção à vitória.
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