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A embaixada da Hungria no Brasil demitiu, na terça-feira (2), dois funcionários brasileiros após o vazamento de imagens nas quais o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) aparece em uma vista ao local entre os dias 12 e 14 de fevereiro deste ano, durante o Carnaval.
O episódio foi revelado por uma reportagem publicada no fim de março pelo jornal The New York Times. A publicação americana divulgou as imagens do circuito interno de câmeras da embaixada húngara.
Segundo informações da CNN Brasil, mesmo sem a comprovação de que os dois funcionários brasileiros teriam envolvimento no vazamento dos vídeos, a representação húngara em Brasília optou pelo desligamento. Os dois profissionais tinham acesso aos monitores que exibem as imagens em tempo real.
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Até o momento, a embaixada da Hungria em Brasília não se manifestou oficialmente sobre as demissões. A visita de Bolsonaro ao local está sendo investigada pela Polícia Federal (PF).
Bolsonaro ficou hospedado na embaixada quatro dias depois de ter tido seu passaporte apreendido pela PF, por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito do inquérito que investiga a suposta tentativa de golpe de Estado no Brasil em 2022 – Moraes é o relator desse inquérito no Supremo. O ex-presidente foi um dos alvos da Operação Tempus Veritatis, da PF, no dia 8 de fevereiro.
Após a passagem de Bolsonaro pela embaixada ter sido revelada, o Ministério das Relações Exteriores do governo brasileiro convocou o embaixador da Hungria, Miklós Halmai, para prestar esclarecimentos. A defesa de Bolsonaro afirmou que o ex-presidente ficou hospedado na embaixada da Hungria “a convite”.
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Em ofício encaminhado a pedido de Moraes, a defesa de Bolsonaro sugere que seria “ilógico” imaginar que o ex-presidente teria a intenção de pedir asilo político à Hungria porque, segundo seus advogados, ele não temia ser preso.
“Diante da ausência de preocupação com a prisão preventiva, é ilógico sugerir que a visita do peticionário à embaixada de um país estrangeiro fosse um pedido de asilo ou uma tentativa de fuga. A própria imposição das recentes medidas cautelares tornava essa suposição altamente improvável e infundada”, diz o documento encaminhado pela defesa de Bolsonaro ao STF.
“São, portanto, equivocadas quaisquer conclusões decorrentes da matéria veiculada pelo jornal norte-americano, no sentido de que o ex-presidente tinha interesse em alguma espécie de asilo diplomático, conclusão a que se chega bastando considerar a postura e atitude que sempre manteve em relação as investigações a ele dirigidas”, dizem os advogados do ex-presidente.
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Aliado do premiê húngaro
A Hungria é governada, desde 2010, pelo primeiro-ministro Viktor Orbán, um dos expoentes da extrema direita em nível global e aliado de Bolsonaro.
O premiê húngaro foi um dos chefes de Estado que estiveram presentes na posse de Bolsonaro como presidente do Brasil, em janeiro de 2019. Em dezembro do ano passado, Bolsonaro e Orbán tiveram um novo encontro, na posse do ultraliberal Javier Milei como presidente da Argentina, em Buenos Aires.
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No mesmo dia da operação, em 8 de fevereiro, Orbán publicou uma mensagem de apoio a Bolsonaro nas redes sociais. “Um patriota honesto. Continue lutando, senhor presidente”, escreveu o líder húngaro, que comanda um regime autoritário e é acusado de “ditador” pela oposição e por diversos grupos em defesa dos direitos humanos.