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Em clima de campanha antecipada, mas com um tom cordial entre ambos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), fizeram um “duelo” nesta quarta-feira (13), durante a cerimônia de inauguração do Complexo Mineroindustrial da EuroChem, em Serra do Salitre, no Triângulo Mineiro.
Trata-se da primeira unidade de mineração da EuroChem fora da Europa, que contou com investimento de US$ 1 bilhão. A previsão é a de que o complexo forneça 1 milhão de toneladas de fertilizantes fosfatados por ano para a agricultura brasileira, o que corresponde a 15% da produção nacional.
Potenciais adversários na eleição de 2026 – Lula deve ser candidato à reeleição pelo PT e Romeu Zema é um dos nomes cotados da oposição –, o presidente da República e o governador de Minas destacaram feitos de suas respectivas gestões e adotaram discursos com forte coloração eleitoral.
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Falando antes de Lula, Zema destacou o crescimento da economia de Minas, superior à média nacional. “Nossa economia tem crescido muito acima da média do Brasil. Em 2018, a economia de Minas representava 8,8% do Brasil. O último dado do IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística] aponta 9,5%. Onde a economia cresce, demanda-se energia”, disse o governador.
Zema afirmou, ainda, que “Minas, hoje, está no caminho certo para o desenvolvimento”. “Aquele estado caótico que não pagava ninguém há cinco anos e meio atrás não existe mais. Nós estamos no caminho certo: economia crescendo e emprego sendo gerado. Onde tem gestão, tem realização”, afirmou. Zema assumiu o governo de Minas Gerais em janeiro de 2019, após um mandato de Fernando Pimentel (PT), aliado de Lula.
“Nunca antes neste país”
Em seu discurso, Lula também chamou atenção para realizações do primeiro ano de mandato e citou os governos anteriores do PT. “Há quanto tempo vocês não ouvem falar em investimento em infraestrutura neste país? Este país parou de investir em infraestrutura. Eu fiz o primeiro PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] em fevereiro de 2007. Não era um projeto só do presidente da República, mas também com os governadores e prefeitos. Quando eu saí da Presidência, a Dilma [Rousseff] continuou. Depois, [o programa] parou”, afirmou.
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Lula classificou o Brasil como “celeiro do mundo” e disse que é inadmissível que o país ainda não seja autossuficiente na produção de fertilizantes. “Se o Brasil é um país agrícola, com um potencial extraordinário, quase imbatível hoje, por que a gente não é pelo menos autossuficiente na produção dos fertilizantes de que nós precisamos?”, questionou. “Por que tantas vezes se negou a este país de ter as coisas que ele tem direito de ter e que um país soberano não pode abrir mão de ter? Não existe arma de guerra mais importante na face da Terra do que o alimento. Ele é a sobrevivência de todas as espécies do planeta.”
“Complexo de vira-lata”
Novamente criticando governos anteriores aos do PT, Lula lamentou o fechamento de fábricas de fertilizantes em várias regiões do país. “O Brasil já fechou muitas fábricas. Aqui havia a predominância de um complexo de vira-lata, de achar que o Brasil era inferior, de achar que o Brasil tinha de vender o que a gente tinha e comprar o que a gente não tinha”, criticou. “Precisou acontecer a guerra entre Rússia e Ucrânia para que despertasse outra vez, em muita gente neste país, a certeza de que o Brasil precisa ter fertilizante.”
Segundo Lula, “o Brasil será um país imbatível neste momento em que a gente discute a transição energética e a transição climática”. “É quase impossível aparecer alguém com as mesmas oportunidades que o Brasil tem”, projetou.
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No fim do discurso, o presidente também citou investimentos de empresas da indústria automotiva anunciados nas últimas semanas e recorreu a uma expressão que se tornou tradicional em seus pronunciamentos, especialmente durante os dois primeiros governos (entre 2003 e 2010). “Nunca antes na história do Brasil houve um anúncio de todas as empresas automobilísticas de que vão investir, até 2027, o equivalente a R$ 117 bilhões na indústria brasileira”, concluiu Lula.
O evento
Além de Lula e Zema, também participaram do evento o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), e ministros como Rui Costa (Casa Civil), Carlos Fávaro (Agricultura) e Alexandre Silveira (Minas e Energia).
Segundo o Grupo EuroChem, a nova unidade contribuirá para a redução da dependência de importações de insumos, fortalecendo a competitividade da agricultura brasileira, de acordo com os objetivos do Plano Nacional de Fertilizantes (PNF).
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A EuroChem é um dos líderes globais do segmento de fertilizantes e um dos produtores de nitrogênio, fósforo e potássio. Entre as atividades do grupo, estão mineração, produção, logística e distribuição de fertilizantes.