Em sessão com bate-boca e confusão, Conselho de Ética arquiva processo contra Janones

O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados decidiu, por 12 votos a 5, arquivar uma representação contra o deputado federal André Janones (Avante-MG), que integra a base aliada ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Em sessão realizada nesta quarta-feira (5), marcada por tumulto, confusão e bate-boca entre parlamentares governistas e da oposição, a maioria do colegiado aprovou o parecer apresentado pelo deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), que pedia o arquivamento.

Baixe uma lista de 11 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de crescimento para os próximos meses e anos

BAIXAR AGORA

A ação contra Janones foi aberta a partir de uma representação do Partido Liberal (PL), que acusou o parlamentar de ter recebido parte dos salários de funcionários lotados em seu gabinete para ajudar a cobrir gastos de campanhas eleitorais. Um inquérito sobre a denúncia tramita no Supremo Tribunal Federal (STF).

Em seu parecer sobre o caso, Boulos pediu o arquivamento do processo no Conselho de Ética da Câmara, sob o argumento de que a suposta “rachadinha” teria ocorrido em 2019, antes do atual mandato de Janones. Boulos mencionou a jurisprudência adotada pelo colegiado em casos anteriores.

Leia também

Tumulto na Câmara: Zé Trovão vai para cima de Janones, que quase agride Nikolas; veja

Pouco depois do encerramento da sessão, deputados oposicionistas cercaram Janones e começaram a ofender o deputado, o chamando de “bandido”; Zé Trovão (PL-SC) partiu para cima do parlamentar, que retrucou

“Comunista”, “machista” e Boulos contra Marçal

A sessão do Conselho de Ética da Câmara foi marcada por confusão e troca de ofensas entre deputados que apoiavam o parecer de Boulos e os que pediam que o relatório fosse rejeitado.

O tumulto começou com acusações de deputados contra assessores de outros parlamentares, que também acompanhavam a reunião do colegiado.

A deputada federal Jack Rocha (PT-ES), favorável ao arquivamento do processo, mencionou uma outra ação relacionada ao deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) que também foi arquivada – e a confusão aumentou.

Os deputados Delegado Caveira (PL-PA) e Juliana Cardoso (PT-SP) se exaltaram. O parlamentar chamou a colega de “comunista”, enquanto a deputada o acusou de “machista”.

Com os ânimos acirrados, o plenário teve de ser esvaziado por decisão do presidente da comissão, deputado Leur Lomanto Júnior (União Brasil-BA).

Leia também

“Não tenho como apoiá-lo”, diz Bolsonaro sobre candidatura de Pablo Marçal em SP

O ex-presidente, que tem uma boa relação com Marçal e foi apoiado por ele na campanha de 2022, reiterou seu apoio à candidatura à reeleição do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB)

Mesmo com o esvaziamento da sessão, o tumulto prosseguiu. Boulos se irritou com Pablo Marçal (PRTB), que acompanhava a sessão – ambos são pré-candidatos à prefeitura de São Paulo (SP) nas eleições de outubro.

Boulos, relator do processo sobre Janones, desafiou Marçal a manter sua candidatura e enfrentá-lo na corrida eleitoral paulistana.

Após a retomada da sessão, o parecer foi votado e o processo contra Janones, arquivado. Houve protestos de deputados da oposição e uma nova confusão logo após o encerramento dos trabalhos. Janones e Nikolas trocaram xingamentos e empurrões e quase partiram para as vias de fato, mas foram contidos por outros deputados.

Quem é quem

Eleito em 2022, Guilherme Boulos está em seu primeiro mandato como deputado federal. Ele é o pré-candidato do PSOL à prefeitura de São Paulo (SP) nas eleições de outubro deste ano. Disputou a Presidência da República, em 2018, e a própria prefeitura da capital paulista, em 2020 (derrotado, no segundo turno, por Bruno Covas, do PSDB).

Já André Janones é deputado de segundo mandato, eleito em 2018 e reeleito em 2022. Ele apoiou Lula nas eleições presidenciais de 2022 e teve papel central nas ações da campanha petista nas redes sociais.