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Em sua primeira visita a Minas Gerais desde que tomou posse para seu terceiro mandato no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou, ao lado de vários ministros e do governador de Minas, Romeu Zema (Novo), do lançamento de um pacote de investimentos no estado, em diversas áreas.
Zema é aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), faz oposição a Lula e é especulado como potencial candidato ao Planalto nas eleições de 2026, mas recebeu o petista de forma cordial. Os dois conversaram durante quase toda a cerimônia, em um dia marcado pela operação da Polícia Federal (PF) contra Bolsonaro e aliados.
“O papel do presidente da República não é ficar preocupado com qual partido pertence o governador, mas preocupado com o povo do estado que elegeu aquele governador”, afirmou Lula em seu discurso. “Já estive com muitos governadores de Minas Gerais. O último foi o companheiro Aécio [Neves, do PSDB], que governou este estado por oito anos. Depois veio [Fernando] Pimentel [do PT]. Nós não fazemos diferença entre ninguém. O que queremos é que as obras sejam resultado das necessidades das cidades”.
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Em menos de uma semana, Lula participou de eventos públicos ao lado de outros adversários políticos, como os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL). O presidente, que chegou a trocar afagos com Tarcísio, negou que o objetivo seja causar um racha no núcleo do bolsonarismo.
“Eu não quero dividir nada. Estou conversando com o governo do estado que foi eleito pelo mesmo povo e pela mesma urna que me elegeu”, afirmou o presidente. “Eles tomaram posse e, portanto, têm de governar. Eu nunca vou pedir para um governador ou um prefeito gostarem mais ou menos de mim. O que eu quero é que a gente construa no país uma relação civilizada”.
“Dois políticos podem ser de partidos diferentes, ser de religiões diferentes e torcer para times diferentes”, prosseguiu Lula. “Eu já convivi com tanta gente adversária, com tanta gente que não gostava de mim. Mas a gente precisa ter responsabilidade de relacionamento”.
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Zema “muito satisfeito”
Primeiro a discursar no evento em Minas, o governador Romeu Zema (Novo) fez questão de dar as “boas-vindas” a Lula e assegurou que seu governo se empenhará para estreitar os laços com o Executivo federal. “Essa visita é um reconhecimento da importância do nosso estado. Em toda a minha vida de trabalho, primeiro como funcionário, depois como empresário e agora como governador, aprendi a trabalhar com quem pensa diferente”, disse Zema. “As críticas são muito naturais. As pessoas pensam diferente e nós, governantes, temos de aprender a conviver com essas diferenças”.
O governador disse ainda que se sentia “muito satisfeito” com a presença de Lula em Minas. “Para melhorar a vida dos mineiros, temos muito o que conversar. Vou entregar ao senhor uma lista de ações e obras emergenciais que dependem do governo federal”, disse ao presidente. “A boa convivência, sem extremismos, em uma conversa transparente e republicana, é o que vai fazer a vida dos mineiros melhorar”.
Aceno a Pacheco
Lula também fez um aceno ao Legislativo, ao lado do presidente do Senado (e do Congresso), Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Ele destacou a aprovação de medidas importantes, apresentadas pelo governo no primeiro ano de mandato – e também antes do seu início, como foi o caso da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição.
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“Ao tomarmos posse, nós encontramos um país até sem Orçamento da União. A Câmara e o Senado tiveram a grandeza de aprovar uma PEC da Transição, que é algo sui generis no mundo. Nunca um presidente tinha começado a governar antes de tomar posse. Nós tivemos de fazer um Orçamento para cumprir os compromissos que o ex-presidente tinha assumido e não tinha pagado”, disse o petista.
Lula voltou a dizer que o PT é minoria no Congresso – “meu partido só tem 70 deputados” – e que, “para aprovar as coisas, temos de conversar com quem não votou na gente”. “E temos de conversar com uma relação de respeito. Temos de aceitar quando o presidente manda um projeto de lei para o Congresso e os deputados querem mudar, fazer emenda e negociar isso e aquilo”.
Além de Lula, Zema e Pacheco, também participaram do evento em Minas os ministros Rui Costa (Casa Civil), Camilo Santana (Educação), Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Nísia Trindade (Saúde). O presidente também se encontrou com o prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), que deve disputar a reeleição em outubro. O PT tem como pré-candidato o deputado federal Rogério Correia, mas Lula foi recebido por Fuad no aeroporto da Pampulha.
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Investimentos em MG
Além de apresentar um balanço das ações do governo federal em Minas Gerais, Lula anunciou R$ 121,4 bilhões em investimentos do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) no estado. Obras exclusivas de Minas receberão R$ 36,7 bilhões, enquanto os outros R$ 84,8 bilhões são de empreendimentos regionais que incluem o estado.
Minas também será contemplado no PAC Seleções, que busca projetos prioritários, apresentados por prefeitos e governadores, em áreas como saúde, educação, infraestrutura social e urbana e mobilidade. Estão previstos R$ 65,5 bilhões em investimentos para o programa.
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