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SÃO PAULO – Em uma matéria extensa, o jornal americano Wall Street Journal ressaltou as dificuldades que o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva vem enfrentando recentemente, em meio às investigações de tráfico de influência, além de seu filho ser alvo de investigação na Operação Zelotes e também por ser amigo de um dos detidos na Operação Lava Jato. Enquanto isso, a sua sucessora e afilhada política, Dilma Rousseff, enfrenta graves crises política e econômica no segundo mandato.
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Com isso, afirma o jornal, “os brasileiros estão ouvindo Lula fazer algo que raramente fazia como presidente entre 2003 e o começo de 2011: admitir erros”. O WSJ aponta que Lula, que é mais conhecido como uma carismática figura política, está lutando para preservar o seu legado em vias de extinção, frustrar os planos de impeachment contra Dilma, manter o seu beligerado PT e “ainda ficar fora da prisão”.
A reportagem do jornalista Reed Johnson lembra que ele está sendo investigado por suposto tráfico de influência em favor da gigante Odebrecht para conseguir contratos, algo que ambos negam. Porém, a sua maior preocupação, afirma, está na Operação Lava Jato, que envolve amigos e aliados políticos do ex-presidente, trazendo a investigação sobre a corrupção na Petrobras cada vez mais perto de Lula e Dilma e afetando a administração de sua sucessora.
O jornal lembra que nem Lula e nem Dilma estão sendo investigados, mas a Operação tem prejudicado a credibilidade do ex-presidente e minou o discurso do PT de defesa da moralidade na política brasileira.
Lula se recusou a falar para o jornal; porém, o WSJ destaca o sentimento do ex-presidente de que a opinião pública mudou contra ele e o PT. Mesmo com diversos problemas, ele intensificou suas aparições públicas para se reconectar com os eleitores e tentar controlar os danos sofridos por Dilma. O ex-presidente considera se candidatar de novo, mas os últimos meses foram complicados para ele, afirma o WSJ, lembrando que boa parte dos brasileiros culpa a administração do PT pela pior crise econômica desde “A Grande Depressão”, enquanto mais da metade dos brasileiros afirmam que não votariam nele. Isso é emblemático, uma vez que ele deixou o governo com uma taxa de aprovação recorde de 83%.
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O WSJ ressalta que a reputação manchada de Lula tem levado a embaraços públicos antes impensáveis, como a criação do boneco “Pixuleco” ou “Lula inflado”, que vem aparecendo nas últimas manifestações de rua.
“Eu sei que há pessoas que não gostam de nós. Eu sei que há desacordo”, disse ele há algumas semanas em Salvador, onde foi vaiado. Desde então, o jornal lembra que os problemas de Lula só se multiplicaram, citando a investigação contra o seu filho, Luís Cláudio Lula da Silva, no âmbito da Zelotes, a prisão de José Carlos Bumlai – amigo próximo dele – e a prisão do senador Delcídio do Amaral, que era aliado dele e de Dilma.
O WSJ ressalta que, para alguns, qualquer movimento para prender Lula ou acusar Dilma pode levar a uma agitação social crescente no Brasil. “O Brasil é um barril de pólvora, uma panela de pressão, e qualquer faísca poderia fazê-lo explodir”, afirmou o líder do MST, Guilherme Boulos. Já Anthony Pereira, professor e diretor do King’s Brazil Institute na King’s College, em Londres, a visão é menos drástica. Ele não vê o PT tão personalizado na figura de Lula de forma a não sobreviver a um possível indiciamento ou prisão de seu líder maior e ainda afirma: “acho que a estrutura da máquina seguiria em frente”.