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BRASÍLIA – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comprometeu-se, em encontro na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), nesta terça-feira (9), com a realização das reformas administrativa e tributária, mas também reafirmou que pretende revisar pontos da reforma trabalhista aprovada no governo de Michel Temer (MDB), mesmo que não seja para revogar totalmente as mudanças.
“Eu acho que vamos ter que fazer uma reforma administrativa sim. Tem pouca gente ganhando muito e muita gente ganhando muito pouco. É preciso tentar fazer um equilíbrio”, disse Lula a uma plateia de empresários ao ser questionado sobre o tema.
Lula citou como uma das distorções o fato de que setores de execução da burocracia pública ganham muito menos do que setores de fiscalização. “É possível fazer justiça a partir de uma reforma administrativa? É, e vamos fazer. É preciso moldar a burocracia a uma nova cultura.”
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O debate com empresários foi parte de uma série de encontros em que a Fiesp está chamando os presidenciáveis para debater propostas na área da economia e da indústria.
As reformas tributária e administrativa são dois pontos considerados chave pelos empresários e uma cobrança constante em todos os governos. Em 2018, Bolsonaro foi eleito com essas duas promessas, mas não terminou nenhuma delas. Depois de anos de disputas, a tributária segue no Congresso, em um texto no Senado e outro na Câmara, nenhum perto da aprovação.
Já a administrativa, apesar das promessas do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), não passou sequer da comissão especial por falta de interesse do próprio governo, já que Bolsonaro não pretendia contrariar os funcionários públicos no momento em que buscava a reeleição.
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Ao tratar da reforma tributária, Lula disse que pretende, caso eleito, ter grupos de trabalho analisando o tema para ter uma proposta em 30 ou 40 dias de governo, mas que tudo será negociado com todos os setores envolvidos.
“Eu acho que tem de ser logo. O mandato e de quatro anos. Se a gente deixar essas coisas para amanhã a gente não faz mais”, afirmou.
O ex-presidente repetiu ainda que a base da proposta petista é desonerar a produção e fazer uma reforma progressiva, em que o mais pobre paga menos e o mais rico, mais.
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“A gente precisa de uma reforma tributária mais progressiva, onde a gente possa taxar a parte mais rica da sociedade, taxar menos a produtividade e taxar mais patrimônio”, disse, ressalvando: “Agora, tudo isso é desejo de uma pessoa e de um partido político que precisa ser colocado em um debate para saber se é isso que a sociedade quer.”
Na fala aos empresários, o petista, que lidera as pesquisas de intenção de voto para a eleição presidencial de outubro, reconheceu que “muita gente ficou assustada” quando ele defendeu rever a reforma trabalhista feita no governo Temer, ao mesmo tempo que afirmou que não quer voltar à legislação trabalhista existente em 2002, mas defendeu que é necessário evoluir.
“Contrato coletivo é uma coisa que pode existir”, exemplificou.
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(Reportagem de Lisandra ParaguassuEdição de Eduardo Simões)