Em El Salvador, Marçal discute combate ao crime e mantém mistério sobre 7 de setembro

Segundo a assessoria da campanha de Pablo Marçal, o candidato tem “o objetivo de buscar soluções eficazes para enfrentar o crescente problema da criminalidade em São Paulo”

Fábio Matos

O coach e empresário Pablo Marçal (PRTB), candidato à prefeitura de São Paulo (SP), participa de debate organizado pela TV Bandeirantes (Foto: Reprodução YouTube)
O coach e empresário Pablo Marçal (PRTB), candidato à prefeitura de São Paulo (SP), participa de debate organizado pela TV Bandeirantes (Foto: Reprodução YouTube)

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O candidato do PRTB à prefeitura de São Paulo (SP), Pablo Marçal, deu início ao que está chamando de “internacionalização da campanha”. O empresário e influenciador desembarcou, na quinta-feira (5), em El Salvador, onde pretende se reunir com autoridades locais e o presidente do país, Nayib Bukele, para discutir medidas de combate à criminalidade.

Segundo a assessoria da campanha de Marçal, o candidato tem “o objetivo de buscar soluções eficazes para enfrentar o crescente problema da criminalidade em São Paulo”.

“Essas reuniões visam a promover um intercâmbio de experiências e estratégias que possam contribuir para a segurança pública na futura gestão da capital paulista”, diz nota encaminhada pela campanha.

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Em um vídeo publicado no Instagram, gravado dentro de um carro, já em território salvadorenho, Marçal afirma que “vai conhecer os erros e os acertos que fizeram desta nação de El Salvador sair do quadro de alta criminalidade para ser um dos países mais seguros do mundo”. “Nós vamos fazer um intercâmbio de experiências para mudar São Paulo”, afirma o empresário.

Pelo menos até este momento, a agenda com o presidente de El Salvador não foi confirmada oficialmente. Mas a expectativa dos assessores de Marçal é a de que o encontro ocorra nesta sexta-feira (6).

No comando do governo de El Salvador desde 2019, Nayib Bukele tem 43 anos e é considerado um líder político extremamente controverso. Em 2024, ele foi reeleito presidente com cerca de 80% dos votos. Bukele fez do combate ao crime sua maior bandeira eleitoral e, diante da redução significativa nos índices de violência do país, se tornou um símbolo da direita internacional.

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Várias entidades de defesa dos direitos humanos, no entanto, questionam os métodos utilizados pelo governo de El Salvador, alegando que há inúmeros presos detidos sem o devido processo legal, suspeitas de execuções e perseguição política. Setores da oposição acusam o presidente de “ditador” e dizem que não há plenas liberdades civis e políticas no país.

Embora a campanha de Marçal não tenha detalhado as agendas fora do Brasil, o candidato do PRTB deve visitar outros países nos próximos dias. Nos bastidores, houve especulações de que o influenciador poderia se encontrar com o presidente da Argentina, Javier Milei, e o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump (candidato à Casa Branca nas eleições de novembro deste ano). Até o momento, nenhuma dessas reuniões foi confirmada.

“Eu vou fazer uma agenda internacional. Eu não vou ver vocês diariamente nos próximos dias. Mas eu me proponho a abrir uma videochamada para vocês me entrevistarem todos os dias se vocês tiverem interesse”, disse Marçal a jornalistas, na quinta-feira, antes de embarcar.

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7 de setembro

O candidato do PRTB à prefeitura de São Paulo vem mantendo o mistério em relação à possível participação no ato marcado para sábado, dia 7 de setembro, na Avenida Paulista, em defesa da “democracia” e da “liberdade” no Brasil.

A manifestação é organizada pelo pastor Silas Malafaia, aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que estará presente. Um dos alvos do protesto é o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) – lideranças bolsonaristas pedem o impeachment do magistrado.

Nos últimos dias, sempre que perguntado se compareceria ao ato na Paulista, Pablo Marçal se esquivou – não confirmou nem descartou sua presença. O empresário se limitou a dizer que estava preparando uma “supresa” para seus apoiadores no 7 de setembro.

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O próprio ex-presidente Jair Bolsonaro deu “sinal verde” para que Marçal vá à Paulista. O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição, também deve comparecer. Bolsonaro disse que “todos os candidatos a prefeito” estariam convidados a participar do ato, apesar de não discursarem. “O evento não é político-partidário”, explicou.

Estagnação em pesquisa

A um mês do primeiro turno das eleições municipais, a disputa eleitoral na maior cidade do Brasil segue indefinida e em cenário de empate técnico entre os três principais concorrentes.

É o que mostra a pesquisa divulgada pelo Datafolha, na quinta-feira (5), apontando um empate técnico entre Guilherme Boulos (PSOL), Ricardo Nunes (MDB) e Pablo Marçal (PRTB).

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Em relação ao último levantamento do instituto, há duas semanas, o candidato do PSOL se manteve com a mesma pontuação (23%), enquanto Nunes subiu 3 pontos percentuais (de 19% para 22%) e Marçal oscilou 1 ponto para cima (de 21% para 22%).

No segundo pelotão, aparecem a deputada federal Tabata Amaral (PSB), que registrou uma oscilação positiva de 1 ponto percentual e foi de 8% para 9% das intenções de voto, e o jornalista José Luiz Datena (PSDB), que perdeu 3 pontos, recuando de 10% para 7%.

A pesquisa divulgada pelo Datafolha indica que a chamada “onda” em favor da candidatura do empresário e influenciador Pablo Marçal pode ter começado a ser contida.

No último levantamento, por exemplo, Marçal havia subido 7 pontos percentuais, bem acima da margem de erro, e chegado à liderança (em empate técnico com os 2 rivais) pela primeira vez.

Nesta nova rodada da pesquisa, o candidato do PRTB se manteve praticamente estável, oscilando apenas 1 ponto para cima, dentro da margem de erro – o que pode indicar que estaria se aproximando de um “teto”.

Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”