BRASÍLIA (Reuters) – No desenho da equipe econômica do futuro governo Lula, os nomes dos economistas André Lara Resende e Pérsio Arida são os mais cotados no momento para ocupar o Ministério do Planejamento, em uma dobradinha com o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad no Ministério da Fazenda, disseram à Reuters duas fontes que acompanham as negociações.
Até o momento, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não fez qualquer declaração sobre indicações ou nomes para ministérios, nem mesmo para os próprios cotados, mas as fontes consultadas pela Reuters apontam que este é o cenário mais provável até agora.
A composição, que passa pela boa relação de Haddad com os dois economistas do Plano Real, mira a ideia de, ao entregar a Fazenda a um nome do PT, o Planejamento ficaria com um nome considerado mais ortodoxo em termos fiscais e, por isso, mais bem avaliado por investidores e gestores de fundos do mercado financeiro.
Apesar de Resende, hoje, não ser tão bem visto quanto Arida, o seu nome é no momento o mais falado para o posto. Arida, que surgiu como cotado há alguns dias, já deu entrevistas afirmando que não tem qualquer interesse em fazer parte do futuro governo, apesar de ser um dos nomes do grupo técnico da economia na transição.
“Os dois teriam interesse, sim. É uma questão de convencimento e de negociação”, disse uma das fontes, ressaltando, mais uma vez, que Lula não falou em cargos em nenhum momento com nenhum dos economistas, nem mesmo com Haddad.
“Enquanto não bater o martelo, não anunciar, o presidente tem espaço para fazer ajustes, mudar de ideia, se for necessário”, adverte uma segunda fonte, mesmo ressaltando achar difícil que algo se altere no caso de Haddad.
Trazido a Brasília esta semana por exigência de Lula, o ex-prefeito foi orientado pelo presidente eleito a reorganizar e coordenar o GT de economia. Nesse novo papel, Haddad se reuniu por várias horas com Lula e os integrantes do grupo, e depois apenas com os economistas, para preparar o relatório que deve ser entregue em breve ao presidente.
Haddad tomou as rédeas das discussões e trouxe para o grupo o economista Gabriel Galípolo, hoje um dos nomes mais próximos dele e também de Lula, mas que havia ficado de fora do GT de Economia –a pedido dos coordenadores da transição, Galípolo havia sido encaixado apenas no grupo de infraestrutura.