“Eleitor fez a reforma política que o sistema não fez”, diz analista político

Partidos fora do establishment apresentaram desempenho digno de nota nessa disputa, ao passo que os tradicionais sofreram duras derrotas

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Os resultados ainda parciais das urnas apontam para duros golpes contra partidos tradicionais nestas eleições, com perdas de bancadas parlamentares, derrotas em disputas por governos estaduais e o expressivo desempenho de Jair Bolsonaro (PSL) na corrida presidencial.

O militar reformado não apenas avançou ao segundo turno da disputa como franco favorito a suceder Michel Temer, como ajudou em na disparada de aliados na reta final das disputas em eleições proporcionais e majoritárias locais.

Outros partidos fora do establishment também apresentaram desempenho digno de nota nesta disputa. Caso da Rede, que formou bancada importante no Senado Federal. E do Novo, que, além de eleger deputados, conseguiu avançar ao segundo turno na disputa pelo governo de Minas Gerais.

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“A palavra desta eleição é a renovação”, afirmou Paulo Moura, especialista em comunicação política. Para ele, as urnas trouxeram grandes surpresas para o quadro político brasileiro, apesar dos esforços do mundo político no sentido contrário.

“Havia uma leitura de analistas e na imprensa de que o establishment resistiria. Isso está sendo desmentido pelas urnas”, observou o especialista.

Ao final do ano passado, o mundo político organizou uma reforma no sistema eleitoral, que proibia doação empresarial de campanha e garantia a distribuição de recursos de um fundo eleitoral aos partidos. A combinação dos mecanismos à falta de democracia interna nas legendas gerou uma interpretação de que a iniciativa funcionaria como uma blindagem dos caciques, gerando caminho livre para a reeleição mesmo em um momento marcado por turbulência. Parece que não funcionou tão bem.

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“O eleitor fez a reforma política que o sistema não fez”, avaliou Carlos Eduardo Borenstein, analista político da consultoria Arko Advice.

Entre os partidos mais atingidos neste processo estão o MDB, que desidratou no Senado Federal, e o PSDB, que não conseguiu passar de 5% dos votos na corrida presidencial, foi derrotado em Mato Grosso e Goiás, e tem páreo duro em Minas Gerais. O PT também foi atingido, sofrendo derrotas inesperadas para o Senado em Minas Gerais, com a ex-presidente Dilma Rousseff, e em São Paulo, com Eduardo Suplicy.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.