Eleição nos EUA: os 5 estados decisivos na apuração e a reação do mercado

Especialistas comentam os dados da apuração até o momento, o que esperar de possíveis contestações e como as bolsa e a economia será impactada

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Após uma madrugada bastante agitada na apuração das eleições nos Estados Unidos, o cenário na manhã desta quarta-feira (4) é de grande indefinição, com o democrata Joe Biden à frente no número de delegados, mas o republicano Donald Trump liderando a apuração em estados importantes.

As atenções agora se voltam para 5 estados: Wisconsin, Michigan, Pensilvânia, Geórgia e Carolina do Norte. Na apuração até o momento, Biden lidera em Wisconsin e Michigan, com uma margem bem apertada.

Apesar disso, a expectativa agora está por conta dos votos feitos por correio, que segundo dados, foram em sua maioria de democratas (o que não necessariamente significa voto em Biden), e por isso nas próximas horas é possível ocorrer uma virada no resultado destes estados.

Segundo Christopher Garman, diretor da Eurasia Group, o democrata ainda tem uma vantagem na disputa. “Evidentemente, vai ser mais mais apertado do que a maioria dos analistas projetavam, inclusive nós. A gente iniciou a noite com uma estimativa de vitória do Biden de 80% e hoje de manhã abaixamos para 60%”, afirmou em live realizada pelo InfoMoney.

Ele aponta que, se Biden vencer no Arizona como apontam as pesquisas, ele agora precisa vencer em apenas dois dos três estados do meio oeste (Michigan, Wisconsin e Pensilvânia) para ser eleito. “Me parece que a vantagem permanece com o Biden, mas menos expressiva do que antes”, completa.

Já Victor Scalet, analista político da XP Investimentos, destaca que se Geórgia, Wisconsin e Michigan conseguiram andar bastante com a apuração, poderemos ter um vencedor ainda hoje. Porém, se o resultado final depender da Pensilvânia, então a tensão pode durar mais tempo.

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“Se acabarmos em um cenário em que a gente dependa da Pensilvânia, o resultado poderá vir apenas na sexta-feira ou mais para frente”, explica ele, citando as regras diferentes do estado, que fazem com que a apuração demore mais.

Já sobre a possibilidade de contestação, os dois acreditam que a justiça não deve aceitar os pedidos, mas que este cenário servirá para manter o cenário conturbado nas próximas semanas, se acontecer.

Impacto no mercado

Durante a madrugada, os índices futuros nos EUA registraram muita volatilidade diante das incertezas da apuração – diferente do que se viu nos dois últimos pregões, quando as bolsas subiram na expectativa de que o resultado poderia sair rapidamente e sem margem para contestação.

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Para Otavio Costa, gestor da Crescat Capital, o mercado neste momento está precificando a probabilidade de que não haverá a chamada “blue wave” (“onda azul”, em referência à cor do partido democrata), que seria uma vitória de Biden na presidência e o partido assumindo a maioria no Senado e na Câmara.

“O maior sinal disso seria nas empresas de tecnologia”, aponta ele citando ainda a alta dos títulos do Tesouro americano. Este movimento nos Treasuries justificam esta avaliação já que na ocasião de uma “onda azul”, a expectativa é de um cenário bem inflacionário, com muitos estímulos por parte do governo.

Apesar disso, ele acredita que, para o mercado, não importa muito quem irá vencer a disputa, mas sim na questão do estímulo fiscal no país. Segundo o gestor, o investidor não deve ficar olhando para este curto prazo, mas sim para um horizonte mais distante.

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Costa ainda comenta que um cenário de “gridlock” (impasse), ou seja, em que o presidente não tenha maioria no Congresso, poderia ser mais negativo para o mercado no médio prazo diante das dificuldade que haveria para passar, por exemplo, um plano de estímulos.

Já Débora Nogueira, economista na AZ Quest, também destaca a volatilidade por conta das incertezas no curto prazo, mas que a economia dos EUA consegue melhorar, seja com Biden ou com Trump, sem importar também quem liderar o Congresso.

“A economia americana está vindo em uma toada bastante forte no pós-choque da pandemia e tem condição de seguir neste caminho”, avalia ela.

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A diferença, segundo a economista, é o impacto positivo em setores diferentes. Citando a política externa de cada um, Débora diz que em uma vitória de Biden, por exemplo, a moeda chinesa tende a ganhar força, enquanto com Trump a tendência é de um dólar forte.

No impacto econômico, ela ressalta que o impulso fiscal será relevante para avaliar o 2021 dos EUA. Com um senado democrata e Biden na presidência, poderia ocorrer um cenário de grandes estímulos, na casa de US$ 3 trilhões.

Confira a live na íntegra e todas as análises dos especialistas no player acima.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.