Eleições nos EUA: a situação da apuração e os caminhos para a vitória de Biden ou Trump

Com uma vitória no Arizona, o democrata só precisa de mais um estado para ser eleito presidente

Rodrigo Tolotti

(Getty Images)
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SÃO PAULO – Em seu segundo dia de apuração, a eleição nos Estados Unidos segue indefinida, restando apenas cinco estados para concluírem a contagem de votos. O democrata Joe Biden aparece à frente na corrida, mas ainda não garantiu uma vitória contra o republicano Donald Trump.

Diferentemente de como ocorre no Brasil, nos EUA, cada estado tem sua regra sobre apuração e até mesmo recebimento dos votos. A Pensilvânia, por exemplo, aceita que cédulas cheguem até esta sexta-feira (6), desde que tenham sido enviadas até o dia da eleição. Já a Carolina do Norte pode ter votos chegando por correio até o dia 12 deste mês.

Na manhã desta quinta, havia uma expectativa de que um vencedor possa ser anunciado ainda hoje. Mas, dependendo do resultado nos próximos estados que apresentarem números, esta definição pode ser adiada.

É preciso ficar atento ainda ao fato de que, nos EUA, não existe um órgão nacional para declarar os números da apuração, como o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no Brasil.

Com isso, o processo acaba sendo anunciado pela imprensa, que em cada estado determina o momento em que uma virada é impossível e decreta um vencedor na região. O problema é que cada veículo faz cálculos diferentes, podendo gerar um cenário levemente diferente dependendo do que for analisado.

Como está a apuração?

Neste momento, veículos como Associated Press e Fox News já contam o Arizona como uma vitória democrata. Com isso, Biden registra 264 delegados, contra 214 de Donald Trump. Para vencer, um candidato precisa de 270 delegados.

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Por outro lado, CNN e The New York Times afirmam que ainda existe chance de uma virada no estado e não decretam uma conquista do ex-vice-presidente. Na avaliação deles, Biden tem 253 delegados, contra 213 do republicano.

Leia também: as contestações já feitas por Trump para suspender a apuração ou pedir recontagem de votos

Tirando o Arizona, restam cinco estados para apurarem – Nevada, Geórgia, Pensilvânia, Carolina do Norte e Alasca -, sendo que apenas os três primeiros estão sendo considerados decisivos neste momento.

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Em um cenário em que Biden vence no Arizona, ele precisa de apenas mais um estado (com exceção do Alasca) para ser eleito presidente. Já Trump precisaria vencer em todos. Se conseguir reverter a situação no Arizona como alguns veículos apontam ainda ser possível, ele poderia até perder em Nevada e mesmo assim vencer a eleição.

Havia uma expectativa de que Nevada e Geórgia seriam definidas nesta quinta, mas o primeiro estado já informou que uma nova atualização de dados só ocorrerá amanhã às 10h, no horário local (15h em Brasília). Por outro lado, a Pensilvânia, que ainda aceita receber votos do correio até amanhã, informou que pode ter um resultado ainda hoje.

A situação em cada estado

Arizona (11 delegados)

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O estado se tornou um ponto importante desta eleição por conta da divergência das metodologias usadas por cada veículo de imprensa, dividindo entre os que já garantiram vitória democrata e os que não afirmaram isso ainda.

O distrito de Maricopa é um tradicional reduto republicano e eleitores de Trump passaram a madrugada fazendo pressão no centro de apuração pedindo maior acesso aos dados.

Às 10h30 (horário de Brasília), Biden tinha pouco mais de 68 mil votos de vantagem no estado.

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Nevada (6 delegados)

Aqui, Biden lidera a apuração por cerca de 12 mil votos (e 89% dos votos projetados apurados), sendo que a divulgação de dados está paralisada desde ontem. Se o democrata conseguir garantir a vitória, veículos como a Associated Press e Fox News irão confirmar a vitória dele na eleição porque já consideram Arizona para o democrata.

Nevada ajudou a eleger todos os presidentes entre 1980 e 2012, passando por candidatos de todos os partidos, como o republicano Ronald Reagan e o democrata Barack Obama. Em 2016, porém, o estado preferiu Hillary Clinton, que acabou derrotada.

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Geórgia (16 delegados)

Neste estado, quem tem a vantagem é Trump, com 13 mil votos à frente. A questão é que Biden vem tirando muito da vantagem republicana nas últimas horas.

O que dá esperanças para Biden é que, com 98% da apuração projetada, as regiões que ainda não terminaram de contar os votos são grandes centros urbanos, como Atlanta, que é majoritariamente democrata. Desde 1996 o estado vota nos candidatos republicanos.

Pensilvânia (20 delegados)

Aqui a situação é bastante complexa. Trump lidera com 98 mil votos à frente, mas já teve uma vantagem de cerca de 1 milhão e o que se espera é que os votos restantes a serem apurados sejam em sua maioria os feitos via correio – a projeção é de que os votos dessa maneira sejam, em sua maioria, democrata, o que pode dar a virada para Biden.

Além disso, o estado aceita o recebimento de votos por correio até esta sexta-feira, desde que tenham sido enviados no dia da eleição. A Pensilvânia, portanto, não terá uma definição até amanhã à noite.

Os dois candidatos fizeram muita campanha no estado, que foi essencial para a vitória de Trump em 2016. Neste ano, Biden focou nas críticas da classe trabalhadora local para tentar reverter os votos da última eleição para ele.

Neste momento, se Biden vencer aqui, o democrata garante a eleição, não importa em qual veículo a contagem esteja sendo considerada.

Carolina do Norte (15 delegados)

A vantagem de Trump no estado é de pouco menos de 80 mil votos. Especialistas acreditam que seja bem difícil uma virada de Biden, apesar de possível. Por conta disso, ainda não houve a confirmação de vitória republicana.

Em seu discurso na madrugada de ontem, Trump chegou a se declarar vencedor no estado, mas nenhum veículo confirmou o cenário até o momento.

Alasca (3 delegados)

Com ampla vantagem de Trump, de 29 pontos percentuais, o estado tende a ser confirmado para o republicano e, no atual cenário, não é considerado decisivo para encerrar a  eleição.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.