Alcolumbre é visto como favorito para presidir Senado, e sucessão de Lira, indefinida

Aposta em senador amapaense é unânime entre especialistas ouvidos pelo Barômetro do Poder. Na Câmara, 4 nomes são citados como mais bem posicionados para disputa de 2025

Marcos Mortari

O senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) durante reunião da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado Federal (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)
O senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) durante reunião da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado Federal (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

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A praticamente um ano das eleições para as mesas diretoras no Congresso Nacional, o mundo político já respira as disputas pela sucessão de Arthur Lira (PP-AL), no comando da Câmara dos Deputados, e de Rodrigo Pacheco (PSD-MG), no Senado Federal.

As corridas têm forte influência sobre o andamento da pauta do Poder Legislativo e afetam estratégias do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para fazer agendas de seu interesse avançarem em um ano de calendário de atividades mais curto, por conta das eleições municipais.

Na avaliação de analistas políticos consultados pelo InfoMoney na 53ª edição do Barômetro do Poder (levantamento mensal que reúne as principais consultorias de análise de risco e especialistas independentes com atuação no país), o quadro hoje é mais nebuloso na Câmara do que no Senado. Mas, com uma distância tão grande dos pleitos, isso ainda pode mudar sensivelmente.

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O levantamento colheu as impressões dos especialistas sobre quem eles enxergam como favorito em cada uma das disputas. No caso do Senado Federal, todos os analistas que responderam a pergunta apostaram em Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que ainda não lançou candidatura, mas já conta com o apoio de Pacheco.

O parlamentar presidiu a casa legislativa de 2019 a 2021, quando foi sucedido justamente pelo aliado mineiro, que está no segundo mandato à frente do posto. Atualmente, Alcolumbre preside a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), considerado o colegiado mais importante do Senado Federal por ser porta de entrada de tramitação para praticamente todas as proposições.

Já na Câmara dos Deputados, o nome visto pelos analistas consultados como favorito na disputa é Elmar Nascimento (BA), líder da bancada do União Brasil e vice-líder de um bloco formado por 8 partidos (União Brasil, PP, Federação PSDB-Cidadania, PDT, Avante, Solidariedade e PRD) – o maior na casa legislativa, com 161 representantes.

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Considerado nos bastidores o preferido de Arthur Lira para sucedê-lo, Elmar Nascimento foi apontado como favorito na disputa por 45% dos especialistas consultados pelo InfoMoney. Na sequência, aparecem os deputados Marcos Pereira (SP), presidente nacional do Republicanos, com 27% de menções; Antonio Brito (BA), líder da bancada do PSD, com 18% dos apontamentos; e Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), líder da maioria, com 9%.

O desfecho da disputa na Câmara dependerá diretamente da capacidade de Arthur Lira em influenciar seu processo sucessório. Há uma avaliação de analistas de que Lira ganhou força com a distribuição dos comandos das comissões temáticas na casa legislativa, que deu à oposição ao governo colegiados centrais – o que na prática pode aumentar a dependência do Palácio do Planalto no deputado alagoano.

Outro fator importante será o nível de interferência do Poder Executivo na definição do próximo presidente da casa legislativa, seja com movimentações de bastidores ou até com o uso de instrumentos de que a Presidência da República dispõe.

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Parlamentares mais alinhados ao governo resistem ao nome de Elmar Nascimento, e um envolvimento maior do Planalto poderia dar fôlego a outras candidaturas. O movimento, no entanto, envolve riscos, já que uma derrota para Lula naturalmente colocaria o sucessor de Lira na condição de adversário político logo no início de sua gestão, como ocorreu com Eduardo Cunha durante o governo de Dilma Rousseff (PT).

Um dos participantes do Barômetro do Poder destacou, ainda, que, embora as eleições para as presidências das duas casas legislativas ocorra só em fevereiro de 2024, elas já terão influência direta sobre os trabalhos legislativos. “A dinâmica das votações no Congresso vai obedecer a duas variáveis: as eleições municipais e a sucessão de Arthur Lira e Rodrigo Pacheco”, resumiu.

Metodologia

Esta edição do Barômetro do Poder ouviu 8 consultorias políticas – Ágora Assuntos Políticos; BMJ Consultores Associados; Eurasia Group; Medley Global Advisors; Patri Políticas Públicas; Prospectiva Consultoria; Pulso Público; e Warren Rena – e 4 analistas independentes – Carlos Melo (Insper); Cláudio Couto (EAESP/FGV); Rogério Schmitt (Espaço Democrático) e Thomas Traumann (Traumann Consultoria).

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Conforme combinado previamente com os participantes, os resultados são divulgados apenas de forma agregada, sendo mantido o anonimato das respostas.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.