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SÃO PAULO – O ex-prefeito Eduardo Paes (DEM) foi escolhido pelos cariocas, neste domingo (29), para retornar ao comando da prefeitura do Rio de Janeiro pelos próximos quatro anos. Com 97,86% das urnas apuradas, ele tem 1.599.092 votos – o que corresponde a 64,14% dos votos válidos (ou seja, excluindo votos em branco e nulos). Ele derrotou o atual prefeito, Marcelo Crivella (Republicanos), candidato à reeleição, com 894.189 votos (35,86%).
O Rio de Janeiro se destacou por uma intensa troca de acusações e ataques entre Crivella e Eduardo Paes (DEM), que governou a cidade de 2009 a 2016, na reta final do segundo turno. A campanha morna que se observou no primeiro turno foi substituída pela tentativa de desconstrução do adversário a qualquer custo e por múltiplas acusações de mentiras, além da falta de um debate mais profundo sobre os problemas da cidade e exposição de propostas.
Ao longo da campanha, as pesquisas mostravam uma ampla vantagem para Paes, que só perdia entre os evangélicos, e um elevado índice de rejeição do atual prefeito, que tornava sua candidatura pouco competitiva.
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Em outubro, o Datafolha mostrou que 62% dos cariocas avaliavam como ruim ou péssima sua gestão, contra 12% que a classificam como ótima ou boa. Duas semanas atrás (antes, portanto, do primeiro turno), o instituto mostrou que 44% viam Crivella como o candidato que mais fazia promessas que não pode cumprir.
No segundo turno, Paes contou com o apoio de candidatos derrotados – ou ao menos com a manifestação do “não” à reeleição de Crivella. A derrota do atual prefeito também representa um revés para o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que o apoiou publicamente.
Para tentar tirar a diferença no segundo turno, Crivella buscou associar o adversário a escândalos de corrupção que marcaram a política no estado nos últimos anos, e resgatou elementos associados à pauta de costumes, presentes na disputa para governador em 2018 – quando Paes foi derrotado por Wilson Witzel, hoje governador afastado.
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Crivella também se esforçou para transmitir uma imagem positiva de sua gestão no enfrentamento à pandemia do novo coronavírus e associa uma possível mudança no comando da cidade a riscos de uma piora no quadro. O problema foi que apenas 14% dos eleitores consultados pelo Datafolha em outubro o viam como o candidato mais preparado para cuidar da área da saúde, e 15% como o mais preparado para o combate à pandemia. Já Paes liderava as duas listas, com 34% e 26%, respectivamente.
Paes apostou primeiro em sua lembrança anterior como prefeito – ele cumpriu dois mandatos na posição, de 2009 a 2017. Depois, comparou a aprovação de seu governo com a de Crivella.
Paes assumirá a prefeitura do Rio de Janeiro com dois desafios principais: enfrentar a pandemia de Covid-19 na capital fluminense e, ao mesmo tempo, um rombo nos cofres públicos. Enquanto a economia do Rio de Janeiro foi a que menos cresceu nos últimos 20 anos, os gastos com pessoal foram os que mais cresceram no país, quase o triplo da média nacional.
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No discurso de vitória, Paes afirmou que sua vitória no segundo turno significou também “a vitória da boa política” e o fim de um período de “radicalismo e extremismo” na gestão da cidade do Rio de Janeiro, que “não fez bem a nenhum de nós, cariocas e brasileiros”.
“Passamos os últimos anos, de certa forma, radicalizando a política brasileira”, afirmou. “Essa eleição significa que há uma confiança de novo naqueles que seguem na vida pública.”
Ao falar da “vitória da boa política”, Paes também citou a reeleição do prefeito Bruno Covas (PSDB) em São Paulo. Ele lembrou, ainda, o apoio recebido por partidos da esquerda. “Independente das forças políticas que foram às urnas nos apoiar, da esquerda, direita e centro, foi um não contundente a um governo reacionário que tomou conta do Rio”, disse o novo prefeito. “Tive apoio crítico da oposição e o nosso papel, nesse momento, é unir a cidade.”
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Paes não adotou tom conciliatório com o seu adversário após a disputa. O prefeito eleito manteve as críticas à gestão Crivella feitas na campanha, chamando o atual prefeito de “despreparado, omisso e preconceituoso”. “Cariocas disseram sim às nossas propostas, mas quero anunciar que o Rio está livre do pior governo de sua história”, afirmou Paes. O novo prefeito disse que governará para “todos os credos e religiões”.