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A união entre DEM e PSL para a criação do União Brasil, novo partido que recebeu o aval do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) nesta semana, é um “casamento de conveniência”, na visão do cientista político e professor do Insper Carlos Melo.
Para ele, um entra com recursos, enquanto o outro traz a história. “É um casamento de conveniência. O PSL entrou com um fundo partidário enorme, que também será o fundo eleitoral, pelo desempenho que teve em 2018. Vai se juntar com um patrimônio bem menor do DEM”, disse.
“O DEM dá ao PSL uma grife. O DEM vem lá do PFL, que é a frente liberal que rompe com o PDS, Tancredo, enfim. Bem ou mal mesmo, apesar de ter mudado de nome, o DEM tem história”, completou.
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“Ele [o DEM] conseguiu de alguma forma estabelecer uma imagem como um partido liberal. Frente liberal na política lá de 1985 e liberal depois na economia. Teses liberais, o fato de ter participado do governo de Fernando Henrique, foi suporte para reformas. Então, o DEM tem história para oferecer como retribuição a esse dote do PSL.”
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O professor disse que não se trata de afinidades ideológicas entre as duas siglas, umas vez que, na opinião dele, o PSL não é um partido com esse perfil. “Se trata de pragmatismo. Aliás, o DEM também, aparte dessa imagem toda, sempre foi um partido pragmático.”
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“Eles se juntaram. Todos têm medo dessa legislação nova, do que pode vir com o fim de coligações proporcionais, cláusulas de barreiras etc”, reforçou Melo.
O número do novo partido União Brasil será 44 e ele já poderá participar das Eleições 2022 como uma sigla unificada. Tanto o DEM quanto o PSL já tinham aprovado no ano passado a fusão entre as duas legendas, em convenções de cada sigla.
Agora, o TSE deferiu o registro formal da nova agremiação e seu estatuto. O atual presidente do PSL Nacional, o deputado Luciano Bivar (PE), será o presidente do União Brasil.
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Atualmente, o PSL já tem a maior bancada da Câmara, com 55 deputados. O DEM possui 26. Mas com a unificação das siglas em um único partido, parte dos 81 parlamentares deve procurar uma nova filiação. No Senado, atualmente o DEM possui 5 representantes e o PSL, dois.
Sergio Moro (Podemos) pode trocar de sigla?
Sobre os rumores de que o pré-candidato do Podemos à Presidência, o ex-ministro da Justiça e ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro, poderia trocar de sigla e se filiar ao União Brasil para ter mais visibilidade na corrida eleitoral, Carlos Melo disse que é um “balão de ensaio”.
“Note o quanto é estranho que esse balão de ensaio tenha surgido no próprio Podemos, na presidência do partido, sugerindo que Moro procurasse uma sigla maior”, disse. “Eu nunca vi isso. Eu nunca vi um partido sugerir que o seu nome, que o seu candidato à Presidência da República simplesmente mudasse de casa, fosse para outro partido.”
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“Por quê? Talvez porque o Sergio Moro não tenha de alguma forma preenchido aquela expectativa de que o nome dele seria lançado e ele chegaria rapidamente aos dois dígitos, continuaria subindo, tiraria o Bolsonaro [da disputa] e poderia enfrentar o Lula no segundo turno”, afirmou o professor.
“Isso não se deu, pelo menos até aqui. E nada nos permite dizer que se dará”, completou Melo. O cientista político afirmou ainda que Moro não tem muita tradição política e que, se ele fosse para o União Brasil, estaria numa legenda que tem alguns políticos profissionais, que estão na profissão há muito tempo.
“Ele seria uma incógnita num partido que está cheio de políticos profissionais, que foram inclusive estigmatizados pela Operação Lava Jato e pelo discurso anticorrupção e tudo mais. Gera um mal-estar, se é que não há uma desconfiança em relação ao tipo de relacionamento que o Moro estabeleceria com esse grupamento pragmático e com uma história de política tradicional”, avaliou.
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O professor comentou ainda que muitos dos políticos do União Brasil desviam do assunto quando são perguntados sobre a possível ida de Moro para a sigla. “Na política brasileira nada é impossível, mas eu acho [que a ida do ex-ministro da Justiça para o União Brasil] é pouco provável“, disse.
“Não vejo identidade em primeiro lugar. E em segundo lugar eu não vejo o Sergio Moro neste momento representando uma a alternativa concreta de poder que levasse o União Brasil inclusive a abrir mão da liberdade regional de cada diretório estadual do partido de aderir a quem bem entender”, concluiu.
A edição de janeiro do Barômetro do Poder apurou que há também dúvida em relação a uma eventual desistência do ex-juiz e ex-ministro da Justiça do atual governo para a corrida ao Planalto. Em uma escala que vai de 1 (chances muito baixas) a 5 (chances muito altas), a média apurada foi de 2,80 entre os analistas políticos consultados.
O Barômetro, produzido mensalmente pelo InfoMoney, compila avaliações e expectativas de consultorias de análise de risco político e de analistas independentes sobre assuntos em destaque na agenda política nacional. A média revela uma tendência de considerar a desistência entre baixa e regular, embora 20% acreditem que essa possibilidade é alta.