Publicidade
SÃO PAULO – Para o Financial Times, pode ser cedo para o governo de Michel Temer comemorar o novo corte da Selic pelo Copom (Comitê de Política Monetária), que foi a 7%, atingindo a mínima histórica.
A publicação britânica lembra que Temer comemorou o novo patamar da taxa básica de juros, atribuindo a décima redução seguida durante a sua gestão às medidas do seu novo governo. “Selic chegou ao menor nível histórico. Esse momento é consequência das medidas econômicas adotadas pelo nosso governo. Criamos as condições para o Banco Central reduzir os juros e vamos continuar trabalhando para que as coisas melhorem ainda mais”, disse ele. O governo pontuou medidas como a PEC do teto de gastos, assim como outras medidas mais gerais de “ajuste”.
“Na realidade, contudo, é muito prematuro para o governo celebrar”, afirma o jornal.
Na avaliação do FT, a maior contribuição para as menores taxas foi a entrada de uma respeitada equipe econômica em sequência ao impeachment de Dilma Rousseff, em agosto do ano passado. Nomes como o do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, fizeram com que a confiança aumentasse após os “anos desastrosos” de Dilma. A gestão da petista instituiu a “nova matriz econômica”, classificada pelo jornal como um portfólio heterodoxo para forçar as taxas de juros para baixo. Contudo, a inflação subiu e a economia entrou em recessão.
A equipe econômica foi elogiada pelo jornal, ao mesmo tempo que o governo conseguiu fazer as medidas de ajuste, como a PEC do teto. “Mas, desde então, o governo está lutando para implementar medidas cruciais para reduzir os gastos. A principal delas é a reforma da previdência”, avalia o jornal.
Isso porque a análise corrente é que Temer não tem capital político para passar a reforma, principalmente após o desgaste sofrido com a delação de Joesley Batista, JBS, e o fato de duas denúncias contra ele terem que ser vencidas na Câmara dos Deputados.
Continua depois da publicidade
O FT ressalta que os aliados no Congresso estão tentando fazer com que a reforma passe, mas ainda há muitas dúvidas sobre se o governo tem os 308 votos necessários para tanto (apesar de ter renascido uma esperança no mercado com o governo estabelecendo uma data de votação para 18 de dezembro).
“Caso a reforma da previdência e outras reformas estruturais não passem, as baixas taxas de juros que o Brasil está celebrando essa semana se provarão efêmeras”, conclui a publicação.