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SÃO PAULO – Enfrentando acusações de impeachment e em meio a uma das piores recessões em décadas, a impopular presidente Dilma Rousseff se “agarra” na crise do zika vírus como uma forma de unir um Brasil profundamente dividido.
Esta é a análise do jornal Wall Street Journal que reforça que, nos últimos dias, Dilma declarou “guerra” contra os mosquistos transmissores do zika vírus (o Aedes Aegypti), através de uma força-tarefa de 220 mil soldados das forças armadas em todo o País no sábado para educar o público sobre a erradicação do mosuito. E o governo convocou uma reunião das principais autoridades mundiais de saúde em Brasília para o próximo dia 20 de fevereiro.
O jornal destaca que, com a atenção internacional sobre o Brasil e a sua presidência ameaçada, Dilma está tentando mostrar liderança e transformar o momento ruim a seu favor, dizem os especialistas.
“Dilma está usando o susto com o zika para levar o debate público longe de impeachment e da recessão, e também para chamar para a unidade nacional”, disse Leonardo Barreto, consultor político ao jornal. “É o que as circunstâncias estão oferecendo”, afirma.
Porém, “se ela terá sucesso está longe de ser certo”, destaca o jornal.
Enquanto os críticos dizem que Dilma demorou para fazer soar o alarme no zika, o WSJ ressalta que está claro que a presidente volta a mostrar liderança de uma maneira que não tem feito desde a sua campanha para o segundo mandato em 2014.
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Porém, o cenário segue complicado para a presidente. No dia em que ela fez pronunciamento em rede nacional sobre o surto da zika, Dilma sofreu novos protestos.
Conforme destacou o diretor para América Latina da consultoria Eurasia Group, João Augusto de Castro Neves, para o WSJ, apostar em Zika para reforçar as credenciais presidenciais de Dilma “pode ser uma faca de dois gumes”. “Mesmo que, de um ponto de vista, possa ser usado positivamente pelo governo, há um outro ângulo que poderia colocar o governo no centro das atenções de forma negativa como incompetente”. O cenário se agrava se o surto se espalhar, afirma o jornal.
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