Dilma desapontou como líder, diz NYT: “voz do Brasil virou sussurro sob seu comando”

O jornal ressalta ainda que, "depois de ter sido reeleita com uma pequena margem de vantagem, Dilma enfrenta agora o período mais turbulento de sua carreira política

Lara Rizério

Publicidade

SÃO PAULO – No final de semana, o jornal americano “The New York Times” destacou em seu editorial que a voz do Brasil no exterior virou um sussurro. Agora, afirma o NYT, a presidente deveria intensificar a atuação brasileira no exterior, ao mesmo tempo em que outras três grandes economias emergentes (e que fazem parte dos BRICs) China, Rússia e Índia, tiveram fortes políticas voltadas ao exterior. Assim, para o jornal, a presidente desapontou como líder para o Brasil e para o mundo. 

“Enquanto as outras três grandes economias emergentes, China, Rússia e Índia, perseguem intensamente seus interesses na política externa, sob a batuta de Dilma, a voz do Brasil na arena internacional foi pouco mais que um sussurro”, ressalta o NYT.

O jornal ressalta ainda que, “depois de ter sido reeleita com uma pequena margem de vantagem, Dilma enfrenta agora o período mais turbulento de sua carreira política. A economia está pulverizada e os brasileiros estão enfurecidos com a corrupção crescente na Petrobras, companhia estatal de petróleo, o que manchou figuras de topo do Partido dos Trabalhadores”.

E, embora Dilma esteja inclinada a concentrar seus esforços em restaurar a confiança dos brasileiros, o jornal destaca que ela deveria, “gastar mais energia olhando para fora” para fortalecer a economia nacional. 

O primeiro passo a ser feito é ter um relacionamento mais saudável com os Estados UnidosAs relações entre os dois países ficaram comprometidas após o ex-funcionário da NSA (Agência Nacional de Segurança), Edward Snowden ter revelado, em 2013, que Dilma Rousseff foi espionada pelos Estados Unidos. O jornal destaca que Dilma e a Obama voltaram a mostrar interesse em reforçar os laços em torno de assuntos comuns e uma visita da presidente brasileira está marcada para abril.

A questão da América Latina deve ser tratada no encontro, ressalta o NYT, destacando que a presidente pode exercer um grande papel em dois países que têm ganhado destaque para os Estados Unidos, Cuba e a própria Venezuela. No primeiro caso, o Brasil poderia exercer um “papel construtivo na evolução política e econômica” e, no caso venezuelano,poderia contribuir para abrir o diálogo entre o presidente Nicolás Maduro e a oposição.

“Como líder de esquerda, Dilma foi simpática com líderes autoritários de ambas as nações. Como ex-prisioneira política, que foi torturada em uma época de repressão e ditadura militar no Brasil, Dilma poderia fazer mais por aqueles que defendem valores democráticos e pelos movimentos sociais que permitiram sua ascensão ao poder”, destaca o jornal. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.