Dias Tofolli: ‘A era dos extremismos é a era de nós trazermos a verdade factual’

Ministro do STF criticou o negacionismo e disse que 'não podemos deixar que o ódio entre em nossa sociedade'

Anderson Figo

Dias Tofolli, ministro do STF, discursa em conferência do Lide, em Nova York (Reprodução)
Dias Tofolli, ministro do STF, discursa em conferência do Lide, em Nova York (Reprodução)

O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), engrossou o coro contra as fake news nesta segunda-feira (14) durante conferência organizada pelo Lide (Líderes Empresariais), em Nova York. Outros membros da Suprema Corte brasileira também participaram do evento e reclamaram sobre as milícias digitais que espalham desinformação no Brasil.

“A era dos extremismos é a era de nós trazermos a verdade factual. Se a gente diz que essa mesa aqui é retangular e o nosso interlocutor diz que isso aqui é redondo, a gente fica sem base de diálogo. E depois isso ainda se extrapola para o ódio, para a negativa do outro. Então nós temos que trabalhar sim a defesa da verdade factual. Nós não podemos deixar que o ódio entre em nossa sociedade, em nossas casas, em nossas famílias, em nossos relacionamentos. Temos realmente que recolocar os conceitos”, disse o ministro.

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Dias Tofolli começou sua fala citando o exemplo da pandemia, quando houve negacionismo em relação ao que a ciência estava falando no Brasil. Ele citou o esforço do então governador de São Paulo João Doria, que preside o Grupo Lide e foi um dos responsáveis pela organização do evento nos Estados Unidos, em trabalhar em conjunto com o Instituto Butantan para desenvolver uma vacina contra a Covid-19, a qual pôde ser aplicada na população após decisão do ministro Ricardo Lewandowski, do STF.

“Pessoas autoproclamadas conservadoras invadem o Capitólio, morrem pessoas. Existe algo menos conservador do que invadir um Congresso? Autoproclamados conservadores no Brasil fecham as estradas interrompendo o direito de ir e vir. Não é algo mais anti-conservador? Então veja, as coisas estão fora de lugar. E nesses momentos nós temos que reconhecer que o Poder Judiciário foi fundamental”, afirmou Tofolli.

“Nós não podemos deixar que o ódio entre no nosso país. Nós não podemos viver só nos extremismos. É sempre ruim comparar com outros países, mas nós não podemos nos deixar levar ao que aconteceu na Argentina, que a síntese é aquele filme do Darín, ‘O segredo dos seus olhos’. Uma sociedade que ficou presa no passado, na vingança, no ódio e olhando para trás, para o retrovisor, sem conseguir se superar. O Brasil é muito maior do que isso. O Brasil é muito mais forte do que isso”, completou o ministro.

Ele falou sobre os presidentes eleitos até então no país de forma democrática e as evoluções no sistema que foram estabelecidas ao longo das últimas décadas. Ao se referir ao atual presidente Jair Bolsonaro (PL), Tofolli disse que ele é um presidente de direita com apoio da extrema direita. “Ao contrário do primeiro governo Lula, que expulsou a extrema esquerda, que deu origem ao PSOL e ao PSTU, o governo não se desfez da extrema direita e ele, depois com o tempo, veio ao centro”, disse.

Tofolli afirmou que a eleição de Bolsonaro foi resultado da “avalanche e de alguns abusos ocorridos em operações de combate à corrupção que confundiram pessoas com instituições, que confundiram agentes privados com suas empresas, e com isso destruíram a classe política, empresas, know-how e empregos”. Ele citou, no entanto, que Bolsonaro fez algo “muito importante, enfrentando as corporações”.

O ministro concluiu sua fala dizendo que o Brasil, agora, tem tudo para “entrar em seu melhor momento” e que a política reassuma seu papel com a sociedade para trazer o desenvolvimento e enfrentando as desigualdades regionais, sociais, a pobreza, a miséria e a marginalização. “Eu sou muito otimista”, finalizou.

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Anderson Figo

Editor de Minhas Finanças do InfoMoney, cobre temas como consumo, tecnologia, negócios e investimentos.