Desastre climático: força das águas causa rompimento de barragem no Rio Grande do Sul

Barragem 14 de Julho, localizada entre os municípios de Cotiporã e Bento Gonçalves, se rompeu no início da tarde desta quinta-feira (2); chuvas já deixaram 24 mortos no estado

Fábio Matos

Barragem 14 de Julho, localizada entre os municípios de Cotiporã (RS) e Bento Gonçalves (RS), se rompeu por causa da força das chuvas (Foto: Reprodução/redes sociais)
Barragem 14 de Julho, localizada entre os municípios de Cotiporã (RS) e Bento Gonçalves (RS), se rompeu por causa da força das chuvas (Foto: Reprodução/redes sociais)

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As fortíssimas chuvas que vêm castigando o estado do Rio Grande do Sul nos últimos dias causaram o rompimento da Barragem 14 de Julho, localizada entre os municípios de Cotiporã (RS) e Bento Gonçalves (RS).

A informação foi confirmada, nesta quinta-feira (2), pelas autoridades gaúchas. O próprio governador do estado, Eduardo Leite (PSDB), que participou mais cedo de uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para tratar da crise, encerrou o encontro informando o ocorrido.

Segundo as autoridades locais, já havia ordem de evacuação das áreas próximas à barragem desde que foi constatado risco iminente de colapso.

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“Acreditamos que o efeito não vá ser de uma enxurrada, mas vai seguir o curso livre do rio em direção a Santa Bárbara e Tereza. A gente buscou fazer todo o trabalho possível para evitar o rompimento, mas não conseguimos nem ter acesso com helicópteros. O efeito vai ser de elevação do Rio Taquari e Bacia do Taquari Antas”, lamentou o governador.

“Nós fizemos evacuação, com alertas desde ontem, entramos em contato com lideranças de comunidades que não conseguimos evacuar. Estamos trabalhando para mitigar os efeitos. É uma situação dramática no Rio Grande do Sul, absolutamente excepcional, pior do que qualquer quadro que pudéssemos ter previsto e é preciso que todos se coloquem em segurança”, completou Eduardo Leite.

De acordo com uma nota divulgada pela Companhia Energética do Rio Antas (Ceran), o rompimento da barragem foi detectado por volta das 13h40 (horário de Brasília) desta quinta-feira.

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“O Plano de Ação de Emergência foi colocado em prática no dia 1º de maio, às 13h50, em coordenação com as Defesas Civis da região, com acionamento de sirenes de evacuação da área, para que a população local pudesse ser retirada com antecedência e em segurança. As barragens de Monte Claro e Castro Alves encontram-se em estado de Atenção e seguem sendo monitoradas”, diz o comunicado.

A prefeita de Santa Tereza (RS), Gisele Caumo, fez um apelo para que a população deixasse o local. O município é vizinho à barragem que se rompeu.

“Por favor, estou pedindo: se tiver ainda alguém em Santa Tereza que está em área de risco, por favor, se desloque para os municípios vizinhos ou venha aqui para o salão da comunidade da Linha Graciema Baixa (local entre Bento Gonçalves e Santa Tereza, que faz parte da Comunidade Nossa Senhora das Graças)”, afirmou a prefeita.

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A tragédia no Rio Grande do Sul

De acordo com balanço parcial da Defesa Civil do estado, os temporais já causaram 24 mortes, e 21 pessoas estão desaparecidas. Segundo o próprio governador, trata-se do “maior desastre da história” do Rio Grande do Sul – com impacto ainda pior do que o registrado no ano passado, quando as inundações mataram mais de 50 pessoas.

Até o momento, 67,8 mil pessoas foram atingidas pela tragédia e 14,5 mil tiveram de deixar suas casas. São 4.599 as pessoas que foram deslocadas para abrigos, enquanto outras 9.993 estão desalojados (na casa de familiares ou amigos).

A Defesa Civil pediu aos moradores do Vale do Taquari para que deixassem suas casas, muitas das quais localizadas em áreas de risco, e procurassem abrigos públicos ou outros locais mais seguros.

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De acordo com informações da Climatempo, há previsão de mais chuvas, nesta quinta, para a região de Santa Maria e os vales dos rios Taquari, Caí e Pardo, Região Metropolitana, Serra, Norte e Noroeste. O tempo instável deve permanecer pelo menos até domingo (5).

Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”