“Des filhes deste solo”: Boulos muda produtora após Hino Nacional em linguagem neutra

Em comício, no último sábado (24), trecho do Hino Nacional foi cantado em linguagem neutra. O vídeo viralizou nas redes sociais e fez de Guilherme Boulos (PSOL) um alvo de seus adversários

Fábio Matos

Guilherme Boulos, candidato do PSOL à prefeitura de São Paulo (SP), ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) (Foto: Reprodução/redes sociais)
Guilherme Boulos, candidato do PSOL à prefeitura de São Paulo (SP), ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) (Foto: Reprodução/redes sociais)

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A campanha de Guilherme Boulos, candidato do PSOL à prefeitura de São Paulo (SP), decidiu rescindir o contrato com a produtora de eventos que organizou um comício do qual o deputado federal participou, no último sábado (24), em que um trecho do Hino Nacional foi cantado na chamada linguagem neutra.

Na ocasião, em ato de campanha no qual também esteve presente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a cantora Yurungai cantou “des filhes deste solo és mãe gentil”, em vez de “dos filhos deste solo és mãe gentil”, e “verás que um filhe teu não foge a luta”, em vez de “verás que um filho teu não foge a luta”.

O vídeo viralizou nas redes sociais e fez de Boulos um alvo de seus adversários, principalmente dos que estão à direita no espectro político-ideológico.

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A linguagem neutra é a comunicação oral ou escrita que utiliza gênero neutro, em vez do masculino ou do feminino. Em linhas gerais, ocorre a substituição dos artigos masculino e feminino por um artigo neutro – que pode ser “e” ou “u”.

Assim, as palavras “ele” ou “ela” se tornam “elu”. “Amigo” ou “amigo” vira “amigue”. “Todos” ou “todas” são substituídos por “todes”.

Esse tipo de comunicação tem o objetivo de incluir membros da comunidade LGBTQIA+, entre os quais pessoas trans, não-binárias ou intersexo, que não se identificam como homem ou mulher. A linguagem neutra é defendida por amplos setores da militância de esquerda e do PSOL, partido de Boulos.

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“Não foi, logicamente, uma decisão da minha campanha aquele absurdo que foi feito com o Hino Nacional. Aquilo foi uma produtora, que, por sua vez, contratou uma cantora que levou àquele episódio”, disse Boulos a jornalistas, na quarta-feira (28). “A nossa campanha se posicionou de maneira clara, e a produtora não vai participar de outros eventos”, completou o candidato do PSOL.

Por meio de nota, a campanha do candidato também alegou que não solicitou nenhuma mudança na letra do Hino Nacional.

“A campanha, em momento algum, solicitou ou autorizou alteração na letra do Hino Nacional interpretado na abertura do comício. A produtora, organizadora do evento, foi responsável pela contratação de todos os profissionais que trabalharam para a realização da atividade, incluindo a seleção e o convite à intérprete que cantou o Hino Nacional”, diz o texto.

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A produtora é a Zion Produções, que foi contratada para realizar eventos da campanha de Boulos. No dia 23 de agosto, a empresa recebeu R$ 450 mil pelos serviços prestados.

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Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”