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NOVA YORK – No último debate antes de duas rodadas decisivas das primárias, os pré-candidatos do Partido Democrata foram ao ataque contra o autointitulado socialista Bernie Sanders, numa tentativa de se posicionar em relação ao franco favorito para levar a candidatura do partido à Presidência dos Estados Unidos.
Alguns tentaram associar Sanders a figuras autoritárias, como o presidente cubano Fidel Castro; outros afirmaram com todas as letras que colocar Sanders na cédula em novembro significa reeleição garantida para Donald Trump.
Sanders também voltou a ser criticado por suas propostas consideradas radicais em relação à cobertura universal de saúde, que custaria US$ 60 trilhões, ou cerca de três vezes o PIB dos Estados Unidos, como disse a senadora Amy Klobuchar.
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O ex-prefeito da pequena South Bend Pete Buttigieg, moderado, disse que a candidatura de Sanders colocaria em risco não só a presidência como conquistas dos democratas dois anos atrás no Congresso (os deputados americanos têm mandatos de dois anos).
“Os 40 deputados que hoje representam a maioria [dos democratas] na Câmara estão fugindo” de Sanders, afirmou Buttigieg. “A presidência não é o único cargo que importa.”
Mas nenhuma dessas acusações contra Sanders, um político veterano de 78 anos, é nova. Tanto em 2016 quanto agora, seus fãs ferrenhos não parecem se abalar com esse tipo de ataque.
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Um exemplo claro é a questão do controle de armas, tema quase sagrado para os democratas. Ontem, mais uma vez, Sanders foi cobrado por ter votado contra projetos de lei que aumentariam os controles sobre quem deseja comprar armas.
Sanders, que representa um estado (Vermont) historicamente contra a regulamentação, disse que votou “mal” no passado e lembrou as críticas que sofre da NRA, o poderosíssimo lobby da indústria das armas de fogo nos Estados Unidos.
Confusão
Realizado na cidade de Charleston, Carolina do Sul, e promovido pela rede CBS, o debate de ontem foi um dos mais confusos do atual ciclo eleitoral. Os candidatos se atropelaram, falaram ao mesmo tempo e brigaram pela atenção dos moderadores.
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Num dos momentos cômicos da noite, o ex-vice-presidente Joe Biden parou de falar quando seu tempo se esgotou, para em seguida emendar: “Por que parei de falar? Ninguém mais está parando.”
A tentativa de diferenciar-se de Sanders era evidente. A votação do próximo sábado, na Carolina do Sul, será o primeiro grande teste para seus adversários. Quem tem mais a perder no estado sulista é Biden. Sem uma vitória decisiva no sábado, suas chances de vencer as primárias são praticamente nulas.
Biden teve um desempenho razoável no debate, mas só os números dirão se a performance de ontem terá sido suficiente para reviver sua candidatura – durante a maior parte do ano passado, ele era considerado o favorito para derrotar Donald Trump.
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A questão da viabilidade eleitoral foi outro tema importante discutido na noite de ontem. Buttigieg, do lado dos moderados, apelou pela unidade do partido, apontando o perigo de escolher Sanders como o candidato à Presidência.
Já Elizabeth Sanders, da ala mais à esquerda dos democratas, tentou se diferenciar do atual líder Sanders afirmando ser uma candidata com mais conquistas práticas e um plano de governo mais realista.
A última pergunta da noite, feita a todos os candidatos, foi: “Qual o maior equívoco em relação à sua pessoa e qual é seu lema?” Considerar suas ideias radicais demais, respondeu Sanders. Ele disse que seu lema é o mesmo do líder sul-africano Nelson Mandela: “Tudo é impossível, até acontecer”.
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Só mesmo os resultados das duas próximas rodadas das primárias — na Carolina do Sul, no sábado, e três dias depois nos 14 estados da Super Terça — deixarão claro qual é o nome com melhores chances de fazer frente ao representante esquerdista na disputa interna dos democratas.
Essas votações também vão dar a dimensão real da candidatura do bilionário Michael Bloomberg. O ex-prefeito de Nova York, em seu segundo debate, voltou a ser alvo de críticas, apesar de só começar a disputar de fato as primárias na Super Terça.
Mesmo tendo pulado os tradicionais primeiros estados a votar – Iowa, New Hampshire, Nevada e Carolina do Sul –, a campanha massiva de anúncios de Bloomberg o coloca empatado em segundo lugar com adversários que estão em campanha há quase um ano.
Nos intervalos comerciais do debate de ontem, sua campanha exibiu três anúncios na Califórnia (um dos estados da Super Terça) e um em Nova York (que só acontecem no final de abril).
Depois do fiasco no debate da semana passada – o primeiro de que participou em mais de uma década –, Bloomberg parecia mais calmo na noite de ontem.
Mas ele voltou a ser atacado por causa da tática policial de parar e revistar negros e latinos durante sua gestão na prefeitura de Nova York e também por supostos comentários sexistas dirigidos a mulheres.
Com mais de 400 milhões de dólares gastos em publicidade de TV., Bloomberg terá a chance de demonstrar nas urnas se sua candidatura está à altura dos investimentos que ele fez até aqui – ou se ele vai escolher outro nome para apoiar com dinheiro na tentativa de cumprir seu objetivo declarado: tirar Donald Trump da Casa Branca.
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