Publicidade
O déficit primário do governo central deve chegar a R$ 106,2 bilhões em 2022, ou 1,1% do PIB (Produto Interno Bruto). A projeção é da IFI (Instituição Fiscal Independente), órgão ligado ao Senado Federal.
A projeção tem como base um cenário que combina queda da arrecadação, em proporção ao PIB, e despesas primárias relativamente estáveis, com gastos do Auxílio Brasil substituindo em boa medida a redução nas despesas extraordinárias para enfrentamento da Covid-19.
Em seu relatório de análise mensal, divulgado nesta quarta-feira (16), a IFI citou que o déficit primário do governo central surpreendeu positivamente em 2021 ao ficar em R$ 35,1 bilhões, ou 0,4% do PIB, abaixo da estimativa do órgão divulgada em janeiro, de R$ 38,2 bilhões.
Continua depois da publicidade
“Mesmo afetado pela inflação, foi o melhor resultado desde 2014. Para 2022, o PLOA [Projeto de Lei Orçamentária Anual] previa incialmente um déficit de R$ 49,6 bilhões (0,5% do PIB). Em um contexto de alta de juros e crescimento baixo, o valor não é suficiente para estabilizar a dívida pública”, escreveu.
“As mudanças promovidas com a aprovação da PEC dos Precatórios aumentam esse desafio, além de minarem a credibilidade da política fiscal. Após os vetos presidenciais, a projeção do governo para o déficit primário do governo central está em R$ 76,2 bilhões”, completou a IFI.
A DBGG (Dívida Bruta do Governo Geral) alcançou 80,3% do PIB em 2021, uma redução de 8,3 ponto percentual do PIB em relação a 2020. Segundo a IFI, o aumento do PIB nominal, os resgates líquidos de dívida, a incorporação de juros nominais e a depreciação acumulada da taxa de câmbio foram os principais fatores para a redução da DBGG no ano passado.
Continua depois da publicidade
A IFI estima que a DBGG volte a crescer em 2022 e alcance 84,8% do PIB até o fim do ano, devido ao crescimento esperado nos gastos com juros — derivado do aumento da taxa Selic — e à piora do déficit primário do governo central em relação a 2021.
Quanto ao PIB, a IFI espera crescimento de 0,5% em 2022, acima da projeção de 0,3% dos especialistas consultados pelo Banco Central na última edição do Boletim Focus, mas o órgão destaca que “um possível prolongamento da crise sanitária e um cenário externo menos favorável podem afetar negativamente a evolução do nível de atividade econômica ao longo do ano”.