CPI: dirigentes da CBF dizem que denúncia de manipulação no futebol é “irresponsável”

Para o presidente da Comissão de Arbitragem da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Wilson Luiz Seneme, acusações feitas pelo dono do Botafogo, o americano John Textor, são infundadas

Agência Senado

Wilson Luiz Seneme (à dir.) e Hélio Menezes Junior (à esq.), da CBF, com os senadores Jorge Kajuru e Romário, em reunião da CPI (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado)
Wilson Luiz Seneme (à dir.) e Hélio Menezes Junior (à esq.), da CBF, com os senadores Jorge Kajuru e Romário, em reunião da CPI (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado)

Publicidade

O presidente da Comissão de Arbitragem da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Wilson Luiz Seneme, minimizou, nesta quinta-feira (6), as denúncias sobre supostas fraudes no resultado de partidas do Campeonato Brasileiro.

Em depoimento à CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas, no Senado Federal, Seneme afirmou que as acusações feitas pelo acionista majoritário do Botafogo, John Textor, não merecem credibilidade.

Baixe uma lista de 11 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de crescimento para os próximos meses e anos

Continua depois da publicidade

“Em termos de CBF, zero. Dou a ele zero por cento de possibilidade. Com a experiência que tenho, não vi e não identifiquei nenhuma ação que possa dar a mínima referência e transformá-la em algum tipo de manipulação de resultado. Erros de arbitragem ocorrem. Mas transformar um erro de arbitragem em denúncia por manipulação de resultado, na minha visão, é uma ação irresponsável”, afirmou.

Seneme respondia a um questionamento do presidente da CPI, senador Jorge Kajuru (PSB-GO). O parlamentar reforçou as críticas ao empresário americano.

Se ele [Textor] não provar absolutamente nada, tem de ser banido do futebol brasileiro e expulso do país por toda a bagunça que está criando”, disse Kajuru.

Continua depois da publicidade

O dirigente do Botafogo denunciou a suposta manipulação de imagens do árbitro assistente de vídeo (VAR) durante um jogo entre o time carioca e o Palmeiras. O relator da CPI, senador Romário (PL-RJ), perguntou a Seneme se o sistema utilizado pela CBF é confiável.

“O VAR não é o VAR do Brasil. É o VAR da Fifa. O modo como se opera a tecnologia do VAR e como os árbitros trabalham é a mesma na China, no Japão, na Inglaterra, no Paraguai, no Brasil e na Argentina. É um padrão único”, explicou o presidente da Comissão de Arbitragem.

Seleção de imagens

O senador Carlos Portinho (PL-RJ) exibiu imagens publicadas por John Textor em uma rede social. O vídeo se refere ao lance da partida entre Botafogo e Palmeiras que resultou na expulsão de um atleta do clube alvinegro. Segundo Textor, os árbitros do VAR deixaram de mostrar ao árbitro de campo imagens que poderiam ter evitado a expulsão.

Continua depois da publicidade

Portinho salientou que não cabe à CPI discutir a interpretação de um juiz sobre determinado lance. Mas criticou o protocolo da CBF que permite aos operadores do VAR selecionar quais imagens serão exibidas ao árbitro de campo.

“Uma imagem que não foi exibida mostra o jogador do Botafogo tocando primeiro a bola. O que está acontecendo, na minha opinião, é uma interferência da cabine do VAR. O que estou discutindo aqui é a manipulação de imagens. Por que não foi para o campo essa imagem, já que as câmeras tinham? Dizer que a cabine do VAR não é obrigada a mandar torna ainda mais séria a necessidade de investigação”, defendeu o parlamentar.

Apostas

Para o senador Eduardo Girão (Novo-CE), que presidiu o Fortaleza em 2017, a atuação das plataformas de apostas esportivas prejudica o futebol. O parlamentar criticou o patrocínio de empresas bets em competições promovidas pela CBF.

Continua depois da publicidade

“O conflito de interesse, para mim, é muito claro. Eu, como presidente de clube, sou terminantemente contra. Acho que estamos matando a galinha dos ovos de ouro no futebol. As pessoas não sabem se estão assistindo a um jogo de verdade ou combinado. E o pior: muitos brasileiros [estão] sendo endividados”, afirmou.

A audiência pública contou ainda com a participação do diretor de Governança e Conformidade da CBF, Hélio Santos Menezes Junior. Ele citou medidas adotadas pela entidade para evitar episódios de manipulação nos resultados. Entre elas, acordos de colaboração entre a CBF, a Polícia Federal e os Ministérios Públicos da União e dos estados.

Após a sessão, os parlamentares participaram de uma reunião secreta. Na parte reservada do encontro, os representantes da CBF apresentariam detalhes sobre o funcionamento do VAR.