CPI da Pandemia ouve empresário Carlos Wizard, apontado como conselheiro informal de Pazuello; acompanhe

Depoimento é considerado fundamental para o esclarecimento de possível existência de um “gabinete paralelo” de aconselhamento ao presidente Jair Bolsonaro

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia finalmente recebe, nesta quarta-feira (30), o empresário Carlos Wizard Martins, apontado como conselheiro informal do ex-ministro Eduardo Pazuello (Saúde) no enfrentamento à crise provocada pela epidemia do novo coronavírus. Acompanhe a sessão ao vivo pelo vídeo acima.

Wizard havia sido convocado para depor perante o colegiado em 17 de junho, mas não compareceu à oitiva. Ao saber da primeira convocação, o empresário tentou inicialmente que a reunião pudesse ocorrer por videoconferência ‒ o que foi negado pela comissão.

Apesar de ter obtido habeas corpus para não responder a perguntas que pudessem incriminá-lo, concedido pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), o empresário, que estaria nos Estados Unidos desde 30 de março, não se apresentou ao colegiado na ocasião, o que revoltou parlamentares.

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Após os integrantes da CPI decidirem que, além do pedido de condução coercitiva autorizado pelo STF, eles acionariam a Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal) para localizar Wizard, advogados do empresário procuraram os senadores e informaram que o cliente se apresentaria em data e hora agendadas pela comissão.

Carlos Wizard retornou ao Brasil nesta segunda-feira (28). A Justiça Federal em Campinas (SP) autorizou a retenção de seu passaporte, o que foi feito assim que ele desembarcou no Aeroporto de Viracopos (SP).

O depoimento do empresário é considerado fundamental para o esclarecimento de fatos apontados sobre a possível existência de um “gabinete paralelo” de aconselhamento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante a pandemia de Covid-19.

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A convocação atende a requerimento de autoria do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE). Já foram aprovados, inclusive, requerimentos para quebra de sigilo bancário, telefônico, telemático e fiscal de Wizard.

Aconselhamento
À CPI, o ex-ministro Eduardo Pazuello, também no rol dos investigados da comissão, afirmou que o empresário atuou informalmente como seu conselheiro por um mês. Wizard foi até indicado para uma secretaria do órgão, mas recusou o convite.

Quando ouvida pela comissão, em 1º de junho, a médica Nise Yamaguchi, também apontada como integrante do “assessoramento paralelo”, disse que ela e Wizard participaram da criação de “uma conselho consultivo independente”, sem vínculo oficial com o Ministério da Saúde.

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“A gente queria oferecer o conhecimento de uma forma organizada, sem que houvesse um vínculo oficial. E o que teve foi um conselho consultivo independente. Aliás, várias pessoas acabaram não ficando, porque, antes de ele começar, acabou havendo uma perseguição tão grande da mídia que a gente acabou dissolvendo o grupo”, expôs a oncologista.

Em depoimento à comissão no dia 9 de junho, o ex-secretário-geral da pasta Antônio Elcio Franco Filho admitiu ter tido uma reunião com empresários, entre eles Wizard e Luciano Hang, para tratar da ideia da compra de vacinas para os funcionários de suas empresas.

Relator da comissão, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) criticou recentemente uma suposta falta de transparência do governo no acesso a documentos do Ministério da Saúde e reclamou de “informações contraditórias” sobre as visitas do empresário ao Palácio do Planalto.

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“Vamos continuar investigando. A tarefa não é fácil, para que isso aconteça é importante que as pessoas do governo saibam que podem incorrer em problemas, na medida em que não facilitam esses acessos”, disse.

Novas denúncias
Também estaria no rol de investigação da CPI uma possível negociação do Ministério da Saúde para a compra da vacina chinesa Convidecia. A aquisição desse imunizante teria o intermédio da empresa Belcher Farmacêutica, com sede em Maringá (PR), que agiu como representante local do laboratório CanSino Biologics.

A informação é de que um dos sócios da Belcher é filho de um empresário próximo ao deputado Ricardo Barros (PP-PR), ex-prefeito de Maringá. Na última sexta-feira (25), o deputado Luis Miranda (DEM-DF) afirmou que o presidente Bolsonaro citou o nome de Barros como suposto mentor por trás das possíveis irregularidades na compra de outra vacina, a indiana Covaxin.

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Da mesma forma, os senadores querem confirmar se empresários aliados do presidente Bolsonaro, entre eles Wizard e Hang, estariam agindo em favor das negociações para a cada compra da Convidecia, que seria comercializada a US$ 17 a unidade, totalizando 60 milhões de doses.

(com Agência Senado)

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