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(ANSA) – O presidente do Instituto Força Brasil (IFB), militar da reserva Hélcio Bruno de Almeida, negou na terça-feira (10) à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid do Senado qualquer irregularidade na reunião realizada para negociar a compra de vacinas por meio da Davati Medical Supply com o Ministério da Saúde, em 12 de março de 2021.
O tenente-coronel é apontado como responsável pela aproximação entre a Davati e o Ministério da Saúde e foi convocado pela comissão depois de ter participado de conversas em que foram discutidas ofertas de vacinas anti-Covid e ter sido alvo da CPI das Fake News no Congresso.
Além de negar ter presenciado um esquema de propina, ele usou seu direito ao silêncio em diversas partes do depoimento.
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Sobre a reunião do dia 12 de março, no Ministério da Saúde, da qual participaram também representantes da Davati – empresa que tentou vender vacinas sem ser representante da fabricante –, Hélcio Bruno afirmou que aceitou compartilhar a data que tinha na agenda do ministério a pedido do reverendo Amilton Gomes de Paula, presidente da organização não governamental (ONG) Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah).
Aos senadores, o depoente disse ainda que fez uma pesquisa na internet sobre a empresa e que na ocasião não encontrou “nada que a desabonasse”.
O militar explicou que conheceu os representantes da Davati, Cristiano Carvalho e Luiz Paulo Dominguetti, somente nessa reunião, e contou que sua intenção na ocasião era acelerar a venda de vacinas para o mercado privado, apesar da impossibilidade legislativa disso à época.
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“Uma vez que o compartilhamento da reunião pré-agendada poderia acelerar a vacinação privada, e considerando que até então não havia qualquer elemento em desfavor da Davati, que certamente seria profundamente investigada pelo Ministério da Saúde antes de qualquer negociação, não se enxergou nenhum possível prejuízo no compartilhamento da agenda do IFB [Instituto Força Brasil], vislumbrando-se, por outro lado, um potencial benefício à vacinação do país”, justificou.
O militar da reserva também ressaltou que jamais participou de qualquer reunião ou encontro no qual teria sido oferecida ou solicitada vantagem indevida por quem quer que seja para a compra de imunizantes.
O depoente acrescentou ainda que nunca esteve presente em qualquer jantar com Dominguetti, “muito menos” no que teria ocorrido em 25 de fevereiro, no restaurante Vasto, em Brasília.
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A CPI investiga se, nessa ocasião, teria sido pedida pelo então diretor de Logística do ministério, Roberto Dias, propina de US$ 1, por dose comprada, sobre 400 milhões de doses da vacina da Oxford/AstraZeneca que estavam sendo oferecidas pela Daviti ao Ministério da Saúde. Dias, por sua vez, nega a acusação.
Em um determinado momento, Hélcio Bruno negou à CPI ter feito negócios com Dias, assim como conhecer o ex-assessor do Ministério da Saúde Marcelo Blanco, que estava no jantar em que teria havido o suposto pedido de propina.
O depoente destacou também que nunca teve proximidade com o então secretário executivo da pasta, coronel Elcio Franco.
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“Nunca tive relação de amizade ou qualquer proximidade com o coronel Elcio Franco, apenas podendo eventualmente tê-lo encontrado em alguma solenidade militar de que não me recordo. Nunca frequentei a sua residência, não conheço a sua família, jamais almoçamos ou jantamos juntos, não fomos contemporâneos na Aman [Academia Militar das Agulhas Negras], e tampouco servimos [o Exército] juntos”, acrescentou.
Especialista e autointitulado consultor de defesa e segurança, Hélcio Bruno se apresenta nas redes sociais como representante sênior da empresa Suntech Soluções de Inteligência, adquirida pela companhia israelense Verint Systems.
Apesar disso, o militar da reserva negou ter atuado como representante comercial da Suntech junto ao Ministério da Defesa.
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A negativa foi em resposta ao senador Fabiano Contarato (Rede-ES), que citou notícias que apontam que o tenente-coronel da reserva teria atuado como facilitador da empresa em um contrato de R$ 33 milhões com o ministério. “Como representante comercial jamais [atuei]. Sou consultor de defesa e segurança”, afirmou.
Habeas corpus
Amparado por habeas corpus concedido ontem (9) pela ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), que permite que Hélcio Bruno de Almeida não responda a perguntas que possam incriminá-lo, ele se negou a responder vários pontos levantados por parlamentares.
O coronel se calou, por exemplo, quando questionado sobre a natureza das atribuições do Instituto Força Brasil, além de não responder sobre sua relação com o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello.
Alertado várias vezes por senadores de que não poderia se negar a responder questionamentos mais básicos que não o prejudicassem, o militar passou a responder a perguntas autorizadas pela sua defesa.
(Com Agência Brasil)