Como foto de um dedo incriminou “kid preto” envolvido em trama de golpe

Investigação detalha o uso de dados e fotografias para rastrear militares ligados a plano contra Lula, Alckmin e Moraes

Equipe InfoMoney

Publicidade

A Polícia Federal utilizou uma combinação de inteligência cibernética e dados de registros de acidentes para identificar Rafael Martins de Oliveira, um dos “kids pretos” do Exército Brasileiro, como participante ativo de uma trama para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, Geraldo Alckmin e para atacar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em 2022. A informação foi revelada pelo jornal Estadão.

A identificação de Rafael começou com a análise de imagens e documentos apreendidos. Em novembro de 2022, o militar teria participado de um acidente de trânsito em Goiás, próximo ao km 4 da BR-060, uma área conhecida como “sete curvas”. O acidente ocorreu em 24 de novembro, apenas um dia antes de Rafael tirar fotos relacionadas à trama golpista.

Na ocasião, Rafael dirigia um veículo alugado e foi atingido por outro carro conduzido por Lafaiete Teixeira Caetano. Após o acidente, ambos registraram um boletim de ocorrência, fornecendo detalhes sobre o incidente. Foi a partir desse registro que a PF conectou o nome de Lafaiete ao esquema clandestino.

Leia também: PF corre para concluir inquérito sobre suposto golpe; 40 pessoas podem ser indiciadas

Os investigadores descobriram que o nome “teixeiralafaiete230” era usado como codinome em um grupo do aplicativo de mensagens chamado “Copa 2022”. Nesse grupo, os conspiradores organizavam ações clandestinas, incluindo a tentativa de ataque a Alexandre de Moraes.

Em 8 de dezembro, um chip de celular vinculado ao nome de Lafaiete foi habilitado e usado para a comunicação do grupo. No entanto, a PF concluiu que os dados de Lafaiete foram usados sem seu conhecimento, configurando uma fraude.

Continua depois da publicidade

Investigadores conectaram o acidente ao grupo golpista por meio de uma foto encontrada no celular de Martins, em que segurava a CNH de Lafaiete. A PF conseguiu checar as digitais do dedo que aparecia na foto, e chegar à conclusão de que tratava do “kid preto”.

Leia mais: Quem são os “kids pretos”, militares presos por tramar assassinato de Lula e Moraes

Além disso, os investigadores cruzaram essas informações com outros números de telefone e pseudônimos, incluindo “Japão”, usados por Rafael. O chip foi utilizado pelo codinome “Alemanha”, apontado como chefe da operação, mas cuja identidade ainda não foi confirmada.

Continua depois da publicidade

No dia 15 de dezembro de 2022, data em que o plano contra Moraes seria executado, o usuário “teixeiralafaiete230” compartilhou a informação de que o STF havia adiado a votação sobre o orçamento secreto. Essa mensagem foi seguida pela ordem de “abortar” a missão, indicando que o grupo decidiu recuar.

Apesar do cancelamento da operação, a PF identificou a participação de Rafael Martins de Oliveira na trama, graças à correlação de dados do acidente, fotos, e registros de comunicação.