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SÃO PAULO – A três dias para o primeiro turno das eleições presidenciais, o desenho mais provável que se forma é de um duelo entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) na segunda fase do pleito.
De ambos os lados sobram eleitores defendendo sua escolha como a melhor para colocar a economia de volta nos trilhos. Quem está certo? Na opinião de Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Banco Central durante o governo Lula conhecido por suas avaliações pessimistas, ninguém.
Para o economista, nenhum dos candidatos será capaz de endereçar as reformas necessárias para resolver o grave problema da crise fiscal. “Com essa configuração política, [a economia] não tem nenhuma chance de dar certo”, disse Schwartsman em entrevista transmitida ao vivo nesta quinta-feira (4) na parceria entre o InfoMoney e UM Brasil (veja a entrevista, na íntegra, no vídeo acima).
Em um exercício de análise de eventual governo Bolsonaro, Schwartsman acredita que o cenário deve ser de euforia em um primeiro momento, com Bolsa em alta e dólar em queda, semelhante ao observado no mercado financeiro nos últimos dias. No entanto, a lua de mel não deve durar um mandato inteiro.
“O governo Bolsonaro terá imensa dificuldade em aprovar projetos de reformas suficientemente ambiciosos que desvie o país do muro fiscal. Em algum momento essa ficha vai cair. Daí será dólar e juro longo pressionado de novo e a inflação vai subir”, prevê. Nesse caso, nem seu guru econômico com viés liberal, Paulo Guedes, salvaria.
“Paulo Guedes lá [no governo] é exatamente a mesma historia do Joaquim [Levy], com a diferença de que Joaquim – com todos os defeitos que ele tem e não são poucos – pelo menos tinha uma experiência de governo. Coisa que o Paulo Guedes nunca teve e, pelo tipo de coisa que ele fala, fica claro que ele não faz a mínima ideia das restrições que existem. E eu não estou falando só das restrições políticas”, alfineta Schwartsman.
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“O programa do Bolsonaro não tem carne nenhuma. Na verdade, não tem nem esqueleto”, completa.
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Se o próximo presidente for Haddad, o economista acredita que o cenário pessimista deve ser antecipado. De um lado, a rejeição de parte do eleitorado e do mercado que já paira sobre o petista levaria a uma reação negativa tão logo o resultado saísse das urnas. “Câmbio ficaria permanentemente mais depreciado e com inflação mais alta”, diz;
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Do outro, a elevada chance de frustração de quem acredita que ele fará uma conversão ao centro se eleito e fará “a coisa certa”. Schwartsman destaca que as forças políticas que apoiam Haddad se opõem às reformas necessárias e às mudanças na inserção da economia brasileira no mundo.
Para atender essa parte do eleitorado, Haddad teria que fazer muito esforço para convencer a população de que as promessas feitas durante a campanha não seriam totalmente cumpridas, o que configuraria “estelionato eleitoral”.
“A ideia de que ele conseguirá fazer esse movimento para o centro porque tem uma vontade política eu acho uma ingenuidade atroz. Haddad pode até ser uma pessoa razoável e pode até querer isso, mas acho difícil convencer [seus aliados]. A ideia de que ele vai fazer esse movimento e o partido vai engolir isso numa boa, eu acho fora de consideração”, opina Schwartsman.
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“Me parece que as alternativas são essas: ou a gente se ferra num prazo mais longo ou a gente se ferra num prazo mais curto”, afirma, categoricamente.