Ciro “vale muito mais” do que 3% de votos, diz Lula ao receber apoio do PDT

Petista faz aceno a candidato derrotado no primeiro turno e minimiza apoios de governadores a Jair Bolsonaro

Fábio Matos

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Carlos Lupi, presidente nacional do PDT (Foto: Ricardo Stuckert)
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Carlos Lupi, presidente nacional do PDT (Foto: Ricardo Stuckert)

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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu formalmente, nesta quarta-feira (5), o apoio do PDT na disputa do segundo turno da eleição nacional contra Jair Bolsonaro (PL).

Lula fez um pronunciamento ao lado do comandante do PDT, Carlos Lupi, e da presidente do PT, Gleisi Hoffmann. Ciro Gomes, candidato pedetista derrotado no primeiro turno, não participou do encontro.

Na terça-feira (4), Ciro gravou um vídeo em que afirma que acompanharia a decisão de seu partido de apoiar o PT contra Bolsonaro – mas sequer citou o nome de Lula.

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“O PDT não é importante pela quantidade de votos que teve nessas eleições. O PDT é muito importante pela história, pelo significado”, disse Lula.

Leia mais: Quais partidos vão apoiar Lula e quais escolheram Bolsonaro para o segundo turno

“Também a história do Ciro não é uma história de 3,5% dos votos [na verdade, o candidato do PDT obteve 3,04% dos votos válidos no primeiro turno]. O Ciro vale muito mais do que isso, significa mais do que isso”, continuou. “Há três políticos no Brasil que eu aprendi a gostar de graça mesmo quando eles falavam coisas contra mim: Mário Covas, o [Roberto] Requião e o outro é o Ciro Gomes.”

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No primeiro turno da corrida pelo Palácio do Planalto, Ciro recebeu cerca de 3,6 milhões de votos. Durante a campanha, o candidato do PDT fez duros ataques a Lula − movimento que se intensificou na reta final, quando a campanha petista passou a trabalhar fortemente pelo chamado “voto útil”.

“Eu conheço bem o Ciro, ele foi meu ministro. É uma pessoa, às vezes, pessoalmente, muito diferente do que ele é no palco de luta”, afirmou Lula. “Todos nós, quando disputamos eleição, às vezes fazemos tipo e viramos artistas. O PDT e o Ciro valem muito mais do que os votos que tiveram.”

Lula também recordou o apoio de Leonel Brizola (1922-2004), figura histórica do PDT, no segundo turno das eleições presidenciais de 1989 – em que o petista foi derrotado por Fernando Collor. Nove anos mais tarde, Brizola seria candidato a vice na chapa de Lula na eleição de 1998, vencida por Fernando Henrique Cardoso (PSDB) no primeiro turno.

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Petista minimiza apoios a Bolsonaro

O ex-presidente da República procurou demonstrar confiança na vitória sobre Bolsonaro no dia 30 de outubro. Segundo Lula, os apoios que o atual presidente obteve – como o do governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB) – já eram esperados e não mudam os planos da campanha petista.

“Eu acredito piamente que nós vamos ganhar essas eleições. Nós vamos aumentar a diferença, e muito”, afirmou. “O meu adversário está com o apoio de quem já o apoiou no primeiro turno. Todo mundo sabia que o governador do Rio [Cláudio Castro, do PL] era bolsonarista, que o Rodrigo [Garcia] era bolsonarista.. E nós vamos juntar os diferentes para vencer os antagônicos”, completou.

Ao justificar a decisão de apoiar o ex-presidente, Lupi – que foi ministro do Trabalho no governo Lula – disse que “Bolsonaro representa tudo aquilo que a história do trabalhismo sempre combateu”. “Estar ao seu lado neste momento, presidente Lula, é estar ao lado da democracia”, afirmou.

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Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”