Cid reafirmou conteúdo da delação, ao depor ao STF, antes de ser preso e desmaiar

Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que assinou delação premiada, contradisse áudios vazados e afirmou não ter havido pressão da PF

Equipe InfoMoney

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), depõe na CPMI do 8 de Janeiro, no Congresso Nacional (Antônio Cruz/Agência Brasil)Mauro Cid (Foto: Lula Marques/Agência Brasil)
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), depõe na CPMI do 8 de Janeiro, no Congresso Nacional (Antônio Cruz/Agência Brasil)Mauro Cid (Foto: Lula Marques/Agência Brasil)

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O tenente-coronel Mauro Cid reafirmou em seu depoimento na sexta-feira (22), ao Supremo Tribunal Federal (STF), o conteúdo da delação premiada que assinou com a Polícia Federal (PF). O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) havia sido chamado a depor novamente após a revista Veja publicar áudios vazados em que o militar critica a atuação do ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito no STF, e a Polícia Federal (PF).

Durante a audiência, Cid confirmou que mandou mensagem de áudio a amigos, em tom de “desabafo”. Mas, ao contrário do que disse nas mensagens, o militar reafirmou que decidiu delatar espontaneamente os fatos que presenciou durante o governo Bolsonaro e que não houve pressão do Judiciário ou da PF para fazer as acusações (leia aqui a íntegra da oitiva).

Após ser ouvido, Cid recebeu voz de prisão, que foi determinada por Moraes por descumprimento de medidas cautelares e por obstrução de Justiça. Elas foram impostas em setembro, quando o militar foi solto após fazer a delação.

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Segundo informações dos jornais Folha de S.Paulo O Globo e da CNN Brasil, Cid passou mal e desmaiou ao saber que seria novamente detido, e teve de ser atendido por socorristas do Supremo. A CNN disse também que a PF fez uma nova busca e apreensão na casa do tenente-coronel em Brasília.

O depoimento durou cerca de uma hora e foi presidido pelo desembargador Airton Vieira, juiz instrutor do gabinete de Moraes. Também participaram um representante da Procuradoria-Geral da República (PGR) e a defesa do militar.

Prisão, delação e indiciamento

Cid já havia sido preso em maio do ano passado, durante uma operação da PF para investigar fraudes na carteira de vacinação do ex-presidente e de aliados. Após prestar três depoimentos, o ex-auxiliar de Bolsonaro fechou um acordo de colaboração premiada com a polícia, que foi homologado por Moraes em setembro.

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Agora, segundo o STF, a validade dos termos da delação de Cid passam por análise. O ex-ajudante de ordens já corria o risco de perder os benefícios da colaboração, após a PF constatar lacunas durante as investigações sobre a tentativa de golpe de Estado. Se delação for anulada, o militar os benefícios acordados, mas as provas serão mantidas.

Cid e Bolsonaro foram indiciados pela polícia na terça-feira (19), junto com o deputado federal Gutemberg Reis (MDB-RJ), pelos crimes de associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema público. Os investigadores concluíram que certificados de vacinação contra a Covid-19 foram falsificados.

(Com Agência Brasil)