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As fortes chuvas que atingiram o litoral norte do estado de São Paulo neste fim de semana mataram ao menos 40 pessoas — número que pode aumentar consideravelmente — e deixaram centenas de desabrigados e desalojados. Há 40 pessoas desaparecidas, 766 desabrigadas e 1.730 desalojadas, segundo balanço divulgado pelo governo do estado na tarde desta segunda-feira (20).
A tragédia fez com que o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), se deslocasse da Bahia para a região, para visitar as áreas mais atingidas e se reunir com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Mais cedo, Lula disse ter mobilizado ministros e autoridades do governo federal para prestarem auxílio ao estado, além de ter conversado com Tarcísio e com o prefeito de São Sebastião, Felipe Augusto (PSDB).
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A cidade foi a mais atingida pelos temporais (35 das 36 mortes confirmadas ocorreram em São Sebastião). Partes do municípios estão isoladas, pois quedas de barreiras e deslizamentos de terra bloquearam os acessos a diversas regiões.
O governador de São Paulo declarou estado de calamidade pública nas cidades de Bertioga, Caraguatatuba, Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba e está na região acompanhando os trabalhos de resgate e auxílio às vítimas. Ele também anunciou a transferência temporária do seu gabinete para São Sebastião.
Estradas bloqueadas
As chuvas também provocaram deslizamentos de terra e quedas de barreiras em estradas, causando o bloqueio de vias de acesso à região e de trechos das rodovias dos Tamoios (SP-99), Mogi -Bertioga (SP-99) e Dr. Manoel Hyppólito Rego (SP-55) — que é o trecho paulista da Rio-Santos (BR-101) entre Praia Grande e Ubatuba.
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A cidade de São Sebastião registrou 649 milímetros de chuvas nas últimas 48 horas, segundo o governo paulista, e dados meteorológicos indicam que deve continuar a chover forte no litoral paulista. A previsão do tempo na região é de sol entre nuvens com chuvas típicas de verão.
Equipes de resgate continuam as buscas por vítimas e helicópteros da Polícia Militar participam da operação, que também visa o resgate de pessoas que ficaram ilhadas.
O clima extremo afetou até as operações do Porto de Santos, o maior da América Latina. Elas foram interrompidas em meio a rajadas de vento de 55 km/h e ondas de mais de 1 metro de altura, por quase 20 horas, entre sábado (18) e domingo (19).
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Reunião entre Lula e Tarcísio
Lula se reuniu com Tarcísio e Felipe Augusto (PSDB),prefeito de São Sebastião, e prometeu que as áreas atingidas serão reconstruídas em uma parceria entre os governos federal, estadual e municipal, acima de diferenças políticas e ideológicas.
Em pronunciamento ao lado do governador de São Paulo e do prefeito, Lula garantiu que as diferenças serão colocadas de lado em prol da reconstrução dos locais devastados pela tragédia ocorrida durante o Carnaval, feriado em que muitas pessoas se dirigem às praias do litoral paulista.
“Queria mostrar para vocês uma cena que vocês não viam há muito tempo no Brasil, um presidente, um governador e um prefeito sentados numa mesa ou na frente de um microfone em função de uma coisa que interessa a todos nós”, afirmou o presidente. Ele falou depois do governador e do prefeito, após uma reunião das três esferas governamentais em São Sebastião.
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“O bem comum do povo é muito mais importante do que qualquer diferença ideológica que a gente possa ter”, acrescentou o presidente, que interrompeu estadia na Bahia durante o feriado de Carnaval para ver de perto os estragos deixados pelas chuvas.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), antecessor de Lula no cargo e padrinho político de Tarcísio, foi muitas vezes cobrado por não comparecer pessoalmente a locais afetados por tragédias ou por demorar a ir pessoalmente inspecionar os danos causados por tempestades durante seu governo.
Bolsonaro também era criticado por confrontos com governadores e prefeitos que eram da oposição.
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(Com Reuters)